Em causa um procedimento que passa a ser realizado através da incisão de uma “agulha” de apenas dois milímetros de diâmetro.
“Trata-se de reduzir os instrumentos habitualmente utilizados para um terço, ou seja em vez de uma incisão de um centímetro, agora perfuramos apenas a pele como se estivéssemos a fazer uma banal injeção”, descreveu o diretor do serviço de ortopedia e traumatologia do CHUSJ.
As primeiras quatro cirurgias com recurso a equipamentos e dispositivos de dimensão reduzida (nano), em comparação com as técnicas endoscópicas já utilizadas, realizaram-se na segunda-feira.
Em declarações à agência Lusa, António Nogueira de Sousa, diretor do serviço há seis anos e o primeiro a realizar esta técnica em Portugal, destacou o impacto do procedimento na qualidade de vida dos doentes, apontando que “os quatro estão já a caminhar sem apoio e sem qualquer dor”.
“Isto é uma evolução do tratamento artroscópico. A cirurgia artroscópica já é feita por pequenas incisões, mas utilizam-se aparelhos que têm uma espessura à volta de seis milímetros. Isto é passar para um terço essa espessura”, destacou o clínico.
António Nogueira de Sousa acrescentou que esta técnica tem particular interesse “na abordagem das pequenas articulações e dos procedimentos em idade pediátrica”, bem como “em alternativa à ressonância magnética, no seguimento dos resultados de uma técnica artroscópica, e na resolução de lesões menos acessíveis pela via clássica”.
Também em relação à anestesia, esta técnica apresenta vantagens: “o bloqueio nervoso periférico com sedação endovenosa permite alta quase de imediato”, refere informação remetida à Lusa.
Ao impacto positivo na qualidade de vida dos doentes, o médico juntou outras vantagens da implementação deste procedimento que permite aceder a uma articulação através de pequenas incisões na pele, lembrando que para os hospitais “os ganhos financeiros podem ser muitos”.
“É uma técnica que está a dar os primeiros passos nos atos cirúrgicos a nível mundial que tem um potencial muito grande por ser ainda menos invasiva e por poder, no futuro, vir a ser feita fora do bloco operatório. Terá um impacto em termos de ganhos para os hospitais. Existe uma expectativa de vir a contribuir para uma diminuição de custos”, descreveu o médico.
O facto de o sistema ser descartável também permite a realização de mais intervenções e ganhos na diminuição de listas de espera.
O CHUSJ estima realizar cerca de 40 cirurgias deste tipo até ao final do ano.
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