Peritos da OMS deixam de recomendar reforços adicionais para adultos saudáveis

28 de Março 2023

O grupo de peritos em imunização da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou hoje que os reforços adicionais da vacina contra a covid-19 deixam de ser recomendados para o grupo de risco médio, como adultos saudáveis com menos de 60 anos.

Esta recomendação foi anunciada em conferência de imprensa pela presidente do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE) da OMS, na sequência da reunião que decorreu na última semana, na qual foi decidido simplificar os grupos prioritários para a vacinação contra a covid-19, que passam a estar classificados como de risco elevado, médio e baixo.

Hanna Nohynek explicou que a decisão de simplificar pela primeira vez os grupos de risco teve em conta que se está a viver a “era da Ómicron, com uma redução da severidade da doença e com uma elevada imunidade da população, que foi obtida através da infeção ou pela vacinação” ou mesmo por ambos os fatores.

Nesse sentido, os peritos de várias áreas da OMS avançaram com uma “abordagem diferente para a vacinação primária e de reforço para cada um destes grupos”, adiantou ainda a responsável do SAGE, ao salientar que a atualização teve ainda em conta que o vírus SARS-CoV-2 vai continuar a evoluir.

Nesse sentido, os consultores da OMS consideram que o grupo de alta prioridade inclui idosos, adultos mais jovens com comorbilidades como diabetes e doenças cardíacas, pessoas imunocomprometidas (VIH e transplantadas), grávidas e profissionais de saúde da linha de frente.

Para este grupo, o SAGE recomenda a administração de um reforço adicional da vacina contra a covid-19 seis ou 12 meses após a primeira dose de reforço.

De acordo com os peritos do SAGE, o grupo prioritário de risco médio inclui os adultos saudáveis, geralmente com menos de 50 a 60 anos, e crianças e adolescentes com comorbilidades, a quem é recomendada a vacinação primária e o primeiro reforço, mas não os reforços adicionais seguintes, apesar de serem seguros.

A recomendação da SAGE integra no grupo de baixa prioridade as crianças e adolescentes saudáveis entre seis meses e 17 anos, devendo os países avaliar a vacinação desta faixa etária com base em vários fatores, como o seu contexto específico, a carga de doença e as suas prioridades de saúde.

Já as crianças com condições imunocomprometedoras e comorbilidades enfrentam um risco maior de sofrer de covid-19 grave e, por isso, estão incluídas nos grupos prioritários de alto e médio risco, indicam os peritos.

O SAGE também analisou os programas de vacinação global contra outras doenças, caso da tuberculose, considerando ser “urgentemente necessária uma vacina que previna a doença em adolescentes e adultos”.

Os peritos adiantaram que está a decorrer um “esforço substancial” para o desenvolvimento de vacinas, com várias candidatas na fase de ensaios clínicos e em estágio avançado, com potencial receberem autorização regulatória dentro de três anos.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights