Aos olhos do ex-presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral, Rui Nogueira, os incentivos financeiros, anunciados hoje pelo Ministério da Saúde, para zonas carenciadas é uma "incongruência", pois "cria uma profunda desigualdade" entre os médicos.
Contacto pelo nosso jornal, o atual médico de família lançou críticas às medidas anunciadas pela tutela, alegando que os incentivos financeiros aumentam a desigualdade entre os profissionais de saúde.
“O que tem acontecido nos últimos anos é que nem sempre são abertas vagas para sítios onde são precisos mais médicos… Isto na tentativa de empurrar os candidatos para preencher as vagas de Lisboa e Vale do Tejo. É claro que as pessoas não se vão deslocar em grande número para ganhar um misero ordenado de pouco mais de mil euros e suportar encargos muito maiores”, aponta Nogueira.
Questionado sobre o aumento de 40% previsto na remuneração de médicos que aceitem trabalhar em regiões carenciadas do país, Rui Nogueira disse tratar-se de uma “incongruência”.
“Anunciar incentivos financeiros para zonas carenciadas, ao meu ver, cria uma profunda desigualdade em relação aos médicos que já estão nesses locais. Também vão pagar esses 40% de incentivo, em atraso, aos médicos que trabalham nessas zonas carenciadas há quatro ou cinco anos? Portanto, não é com esses “incentivos” que se consegue resolver o problema da falta de médicos”, frisa.
Para o médico de família, a preocupação do Governo deveria passar pela criação de melhores condições de trabalho de maneira a garantir que “todos os médicos, que assim o desejem, trabalhem no Serviço Nacional de Saúde”.
“Temos que ter unidades de saúde devidamente estruturadas, organizadas, com equipas de serviço completas, instalações e equipamentos adequados… Isto nem sempre acontece”, alerta.
Rui Nogueira conclui que teria sido “preferível” que o Ministério da Saúde “anunciasse 400 vagas em unidades estruturadas”.
HN/Vaishaly Camões
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