Rita Perez foi hoje ouvida na Comissão da Saúde a pedido do partido Chega que apresentou o requerimento no parlamento a 13 de março, dia em que os 16 chefes de Medicina Interna da equipa do Serviço de Urgência Geral entregaram uma carta ao Conselho de Administração em que alegavam “falta de soluções para o serviço” e que nenhuma mudança estrutural tinha sido executada, após a maioria dos subscritores ter já em julho de 2022 anunciado a sua demissão.
Na sua intervenção, a presidente Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO) começou por assinalar que o São Francisco Xavier “terá sido o último dos hospitais” da região em que os chefes de equipa apresentaram a sua demissão e, frisou, “é absolutamente compreensível o seu cansaço ao fim de uma pandemia de dois anos e meio, em que a [Medicina Interna] foi definitivamente uma especialidade importantíssima”.
Na carta, os especialistas alertavam para “uma enorme escassez” de assistentes hospitalares de Medicina Interna, o que impossibilita a constituição das equipas da Urgência Geral, e o recurso frequente a turnos extraordinários, prevendo que nos meses de verão já a maior parte dos médicos terão atingido a carga horária extraordinária máxima.
Rita Perez referiu que quando foi enviada a primeira carta o conselho de administração reuniu-se imediatamente com os médicos, que apesar do pedido de demissão se mantêm em funções, no sentido de “encontrar as melhores soluções”, ao que se seguiram várias reuniões.
“Estas soluções nunca são fáceis, demoram o seu tempo e têm que ser bem pensadas” e o serviço de urgência tem de continuar a funcionar.
Lembrou que um serviço de urgência polivalente não se faz só de Medicina Interna, mas de outras especialidades como Ortopedia, Dermatologia ou Reumatologia.
Mas desde que terminaram as equipas médicas, “em que havia um aporte de especialistas para uma mesma equipa” – em que o chefe de equipa era internista – “por indicação dos colégios que tornaram o serviço de urgência de especialidades médicas como consultivos”, é que passou a haver “tanta demissão e tanto esvaziamento destas equipas por especialistas e até por internos”.
Segundo Rita Perez, O CHLO tem 43 especialistas de Medicina Interna, dos quais cinco têm mais de 50 anos e podem não fazer urgência e 15 têm mais de 60 e já não fazem urgência.
Adiantou que há uma equipa de nove internistas dedicada serviço de urgência das 08:00 às 20:00 nos dias úteis, mas reconheceu que 40 horas neste serviço “é um pouco difícil de manter durante muito tempo”.
Para atender os casos triados como não urgentes (verdes e azuis), o hospital criou um atendimento diferenciado, fora do Serviço de Urgência Geral, disse, adiantando que já tiveram reuniões com o agrupamento de centro de saúde para “ver estes doentes”.
“Temos neste momento 518 horas semanais com tarefeiros para sustentar, nomeadamente, esta área dos verdes e azuis em prestação de serviço e gostaríamos de não ter tantas”, admitiu, anunciando que têm autorização para contratar oito internistas que acabaram a especialidade, disse.
“Todas estas alterações têm como objetivo melhorar o serviço de urgência, que é isso que preocupa”, rematou.
LUSA/HN
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