Os trabalhadores das Misericórdias dos Açores vão receber um aumento salarial de 6,56% em 2023, igualando os valores praticados nas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), segundo uma convenção coletiva de trabalho assinada ontem com dois sindicatos.
“No somatório da componente remuneratória, tivemos atualizações de 2019 a 2022 de 3,7%, a que se junta agora 6,56%”, avançou, em declarações à Lusa, o presidente da União Regional de Misericórdias dos Açores (URMA), Bento Barcelos.
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, que lidera a URMA, falava à margem da assinatura de uma convenção coletiva de trabalho com o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos dos Açores (Sintap) e com o Sindicato dos Profissionais de Escritórios, Comércio, Indústria, Turismo, Serviços e Correlativos da Região Autónoma dos Açores (Sindescom).
Para além do aumento de 6,56% nas remunerações, o acordo contempla uma atualização do de 4,82% no subsídio de refeição, que passa de 4,77 euros para 5 euros, e de 16,37% no abono para falhas, que passa de 30 para 35 euros.
Bento Barcelos destacou ainda atualizações das carreiras, alegando que na tabela salarial apenas um nível é abrangido pelo salário mínimo regional.
“Validamos e valorizamos todas as carreiras profissionais, desde os quadros superiores até aos quadros de serviço gerais”, frisou, falando num “acordo histórico”.
O presidente da URMA considerou que este aumento salarial é uma forma de “compensar” os trabalhadores pelo “esforço acrescido” durante a pandemia de covid-19, em que tiveram “um papel fundamental”.
Os sindicados reivindicavam aumentos de 8,5%, mas, segundo Bento Barcelos, “era impensável chegar lá”, tendo em conta a “grande imprevisibilidade” provocada pela crise inflacionária.
“Queremos ter instituições sustentáveis do ponto de vista económico e financeiro, mas também queremos remunerar bem os profissionais que trabalham nestas 23 misericórdias”, salientou.
O dirigente do Sintap/Açores Orlando Esteves considerou que houve uma “ótima aproximação” à proposta do sindicato, reconhecendo que em negociações é normal haver cedências.
“Da parte do Sintap, saímos muito satisfeitos. Pela primeira vez, em 20 anos que tenho estado em negociações com a URMA, é a primeira vez que correu muito bem, com abertura total de ambas as partes”, apontou.
Segundo Orlando Esteves, “não se compreendia” o “desfasamento” entre as tabelas salariais das IPSS e Misericórdias, para trabalhadores que cumpriam as mesmas funções, situação que foi corrigida com este acordo.
Por outro lado, houve uma “valorização das carreiras profissionais de muitos trabalhadores, entre eles os técnicos superiores”, que “já há alguns anos” o reivindicavam.
Também o dirigente do Sindescom Paulo Mota disse sair das negociações “satisfeito”, considerando que foi alcançado um “bom acordo”.
“É mais um passo. Para o ano esperemos que seja melhor. Foi um bom entendimento”, afirmou.
O dirigente sindical destacou igualmente o aumento salarial de 6,56%, o aumento do subsídio de refeição e a valorização das carreiras.
“Houve essa aproximação [aos salários das IPSS], como também houve na questão dos níveis. Existiam 18 e passam para 17. A partir de determinado nível, a subida ao máximo da carreira é mais fácil”, explicou.
Os Açores têm 23 Misericórdias, que integram 2.025 trabalhadores.
Os dois sindicatos já tinham assinado, em março, uma convenção com União Regional de Instituições Particulares de Solidariedade Social dos Açores (URIPSSA).
NR/HN/Lusa
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