Número de mortes por doenças cardiorrespiratórias foi mais elevado durante os meses mais quentes

18 de Outubro 2023

Um estudo da Universidade de Évora (UÉ) concluiu que o número de mortes por doenças cardiorrespiratórias foi mais elevado durante os meses mais quentes, secos e poluídos das temporadas de incêndios florestais.

“Os resultados revelam que as mortes por doenças cardiorrespiratórias foram maiores durante os meses mais quentes, secos e poluídos das temporadas de incêndios florestais” e “as altas temperaturas, a baixa humidade relativa e as altas concentrações de ozono próximo da superfície aumentaram a carga geral de doenças nas populações expostas”, divulgou a UÉ em comunicado sobre o estudo, realizado por uma equipa de investigadores do Instituto de Ciências da Terra (ICT) da universidade que analisou os efeitos de incêndios florestais, poluentes e fatores meteorológicos na mortalidade por doenças cardiorrespiratórias em Portugal.

Os investigadores da UÉ estiveram envolvidos no estudo “Fire-Pollutant-Atmosphere Components and It’s Impact on Mortality in Portugal During Wildfire Seasons”, que foi recentemente publicado na revista GeoHealth.

Os incêndios florestais “ocorrem frequentemente em conjunto com eventos climáticos como ondas de calor, tendo como consequência a libertação de grandes quantidades de poluentes na atmosfera” destacou a equipa.

“O fumo e as partículas de incêndios florestais são prejudiciais à saúde humana” e representam “um fator de risco para problemas cardiorrespiratórios e para o aumento da morbilidade e da mortalidade, sendo que as populações idosas, grávidas e populações socioeconomicamente mais desfavorecidas são especialmente vulneráveis” disse Ediclê Duarte, primeiro autor do estudo.

A equipa utilizou dados da área queimada, matéria particulada com diâmetro de 10 ou 2,5 μm (PM10, PM2.5), monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogénio (NO2), ozono (O3), temperatura, humidade relativa, velocidade do vento, profundidade ótica do aerossol e dados sobre taxas de mortalidade de Doenças do Sistema Circulatório (DSC), Doenças do Sistema Respiratório (DSR), Pneumonia (PNEU), Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica e Asma (ASMA).

No estudo, foram considerados apenas os meses de junho a outubro das temporadas de incêndios florestais de 2011 a 2020 com uma área queimada superior a 1.000 hectares e utilizadas técnicas de estatística multivariada para criar dois índices de interação Fogo-Poluentes-Variáveis Meteorológicas, que foram posteriormente correlacionados com as taxas de mortalidade.

LUSA/HN

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