O presidente da autarquia, Carlos Moedas (PSD), celebrou na Fábrica de Unicórnios, no Beato, a atribuição do prémio Capital Europeia da Inovação (‘European Capital of Innovation’), pela Comissão Europeia à cidade de Lisboa, no valor de um milhão de euros.
Segundo explicou à Lusa o autarca, uma grande parte desse dinheiro será dedicado à inovação social, por considerar importante ligar todo o talento que chega a Lisboa com os “desafios do dia-a-dia na cidade”.
“Estamos a falar da educação, estamos a falar de saúde, estamos a falar de imigração e, portanto, se nós desenvolvermos projetos que possam ajudar nestas áreas, nos desafios que nós temos, nós podemos aqui criar uma rede em que, no fundo, as pessoas mais vulneráveis sabem que podem contar também com este talento para as ajudar”, explicou.
Nesse sentido, ao lado da Fábrica de Unicórnios, na chamada ala Norte da antiga Manutenção Militar, vai ser criada uma zona de projetos de inovação social.
“Onde teremos também aqui pessoas que estão em situação de sem-abrigo, exatamente para fazer a ligação entre este talento internacional e depois as dificuldades da cidade, que são muitas”, avançou, acrescentando que a tecnologia “não será a solução, mas pode ajudar na solução”.
Na área da saúde, o autarca exemplificou com o apoio a entidades como IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social), com projetos próprios na área da saúde ou das pessoas nos centros intergeracionais.
O social-democrata salientou que vão ser criados “pelo menos três prémios”, cada um à volta de 120.000 euros, para as áreas da saúde, educação e integração de imigrantes, “para, por exemplo, ajudar a como é que alguém que chega, que é um imigrante que não sabe como ter uma reunião sequer para regularizar” os “seus papéis, que não tem casa” e que “precisa de ajuda porque tem um menor a cargo”.
“Esta ligação do talento para conseguir trabalhar e para ajudar aqueles que são os mais vulneráveis, a isso chama-se inovação social e, portanto, nós somos a capital da inovação, mas gostaria que fôssemos também a capital da inovação social”, frisou Moedas, admitindo que a autarquia também está a trabalhar na possibilidade de apoiar projetos “na área da habitação”.
O valor do prémio da União Europeia servirá ainda para continuar a desenvolver os projetos da Fábrica de Unicórnios, no ‘hub’ do Beato, onde empresas podem ser acompanhadas durante seis meses, com o apoio das tecnológicas ali instaladas.
Em termos de balanço, Carlos Moedas salientou que em dois anos foi possível “atrair 12 ‘unicórnios’, 54 empresas tecnológicas”, que “no seu conjunto anunciaram mais de 10.000 postos de trabalho”.
“Eu tinha desenvolvido como comissário europeu o Centro Europeu de Inovação, que quer ajudar no fundo os países a desenvolver mais na área da inovação, investindo em talento e a Fábrica de Unicórnios tornou-se quase como uma réplica desse projeto europeu a nível local e, portanto, eu penso que a União Europeia viu também aqui uma oportunidade de ligação muito importante”, frisou o autarca.
Enquanto antigo comissário europeu para a Investigação, Inovação e Ciência, entre 2014 e 2019, Moedas reconheceu que a sua experiência contribuiu para a distinção de Lisboa como Capital Europeia da Inovação.
“Contribui no sentido de eu ter o conhecimento da União Europeia, de ter sido de certa forma alguém que esteve atrás do desenho todos estes projetos europeus e de hoje poder trazer para a minha cidade o valor dessa aprendizagem”, vincou.
“Isso dá-me imenso gosto pessoal, que é eu passei cinco anos a aprender a Europa e hoje, com esse conhecimento, eu posso ajudar a minha cidade e talvez a maior prova disso tenha sido realmente ganhar o prémio da Inovação”, acrescentou.
O prémio, prosseguiu, foi atribuído por o projeto de Lisboa ter sido o melhor, mas disse acreditar que os cinco anos fora do país também contribuíram para conseguir “ajudar a cidade melhor do que se fosse um presidente da câmara que não tivesse tido essa experiência”.
O prémios Capital Europeia da Inovação (‘iCapital’) foi criado em 2014 para “premiar as cidades europeias que são suficientemente corajosas para abrir as suas práticas de governação à experimentação”, impulsionar a inovação, “serem um modelo para outras cidades” e “ultrapassarem os limites da tecnologia em benefício dos seus cidadãos”, refere a Comissão Europeia.
Os vencedores anteriores incluem Barcelona (2014), Amesterdão (2016), Paris (2017), Atenas (2018), Nantes (2019), Leuven (2020), Dortmund (2021), Vantaa (2021), Aix-Marseille Provence Metropole e Haarlem (2022).
LUSA/HN
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