“Atualmente, há mais sírios a necessitar de ajuda do que em qualquer outro momento desde o início da guerra”, afirmou Hanan Balkhy, diretora regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, citada num comunicado divulgado hoje.
A responsável descreveu que “uma geração inteira nasceu no meio da guerra, só conhece a insegurança e a privação e enfrenta choques sucessivos” e pediu “todos os esforços para proteger e reforçar o sistema de saúde sírio, para que todas as pessoas do país tenham acesso a serviços de saúde económicos e acessíveis”.
O terramoto que afetou a Turquia e a Síria em fevereiro de 2023, matando mais de 59 mil pessoas, acrescentou mais uma camada de sofrimento às pessoas devastadas por anos de guerra, relata a agência das Nações Unidas.
A instabilidade agravou-se, em especial nas regiões nordeste e noroeste, desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre o movimento islamita palestiniano Hamas e Israel, em outubro passado.
De acordo com a OMS, 65% dos hospitais e 62% dos centros de cuidados de saúde primários em toda a Síria estão totalmente operacionais.
A organização descreve que 90% da população vive na pobreza, devido ao agravamento da crise económica, enquanto o impacto na saúde mental “é enorme”.
A OMS estima em quase 80 milhões de dólares (73,4 milhões de euros) as necessidades de financiamento para continuar a prestar serviços no país “e evitar o agravamento de uma situação calamitosa”.
O financiamento das atividades humanitárias no domínio da saúde diminuiu mais de 27% entre 2022 e 2023 e este ano deverá ser novamente reduzido em pelo menos 30%.
Só no noroeste da Síria, 15 hospitais suspenderam as operações em 2023 devido à escassez de financiamento e mais hospitais estão em risco de encerrar. Com o noroeste totalmente dependente do financiamento dos doadores, dois milhões de pessoas poderão ficar sem acesso a cuidados de saúde de emergência se os fundos não estiverem disponíveis.
“Embora existam muitas outras crises em todo o mundo que exigem a generosidade e a solidariedade da comunidade internacional, não podemos esquecer o povo da Síria”, sublinhou Hanan Balkhy.
A guerra matou quase meio milhão de pessoas e fez deslocar metade dos 23 milhões de cidadãos que constituíam a população do país antes do conflito.
LUSA/HN
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