“Esta ideia de integração de cuidados, de ter os nossos profissionais de saúde a discutir sem barreiras e de forma conjunta os percursos dos nossos doentes, quais são as melhores respostas (…) é uma ideia bondosa”, considerou Xavier Barreto.
Na prática, as ULS integram numa mesma entidade os cuidados prestados pelos centros de saúde e pelos hospitais, concentrando a gestão dos recursos humanos, financeiros e materiais.
Juntam-se à mesma mesa “os cuidados primários, os cuidados hospitalares, municípios, associações, o setor social e o setor privado”, precisou o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), adiantando que as ULS estão a fazer o seu trabalho por todo o país, apesar de haver sempre problemas, “alguns mais graves que outros”.
Segundo Xavier Barreto, o que “correu mal” na reforma do setor, que incluiu a criação das ULS, “foi a passagem das competências das Administrações Regionais de Saúde (ARS) para o resto do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
“Várias das competências das ARS que estavam plasmadas em leis não foram convenientemente passadas a outras entidades e isso criou problemas”, acrescentou.
Exemplificou com os casos de pessoas das ARS que não foram transferidas para os hospitais ou para as ULS, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) ou outros organismos e dos médicos que reclamam que os incentivos das Unidades de Saúde Familiar (USF) não foram bem calculados ou não foram pagos.
“Eu diria que essa foi a parte mais difícil (…) desta reforma, mas o Governo vai a tempo de atalhar esta questão, de clarificar esta indefinição que ficou do anterior governo e de muito rapidamente distribuir as competências da ARS” e as pessoas que lá trabalhavam, indicou Xavier Barreto.
Na última semana têm sido feitas algumas críticas à existência das ULS, tendo o bastonário da Ordem dos Médicos (OM) alertado na quarta-feira que a sua recente criação resultou num recuo na ligação entre os cuidados primários e hospitalares em algumas zonas do país.
“Temos vários exemplos em que a integração funcionava muito bem entre o ACES (agrupamento de centros de saúde) e o hospital, mas, a partir do momento em que se criaram as ULS, nalguns locais do país, esta ligação que era boa passou a ser pior”, afirmou Carlos Cortes.
O bastonário realçou ainda que a generalização das ULS em todo país “tem preocupado muito a OM”, lamentando que a ordem tivesse sido “excluída do processo” da sua criação.
Na segunda-feira, perto de três dezenas de profissionais dos centros de saúde Porto Ocidental, integrados na Unidade Local de Saúde (ULS) de Santo António, queixaram-se à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, de que o modelo de ULS “não serve os utentes, os profissionais e a gestão”.
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