Bolsas Mulheres na Ciência 2023 visam trabalhos sobre Parkinson e apneia do sono

6 de Junho 2024

As bolsas Mulheres na Ciência 2023, financiadas pela L'Oréal Portugal, foram atribuídas às investigadoras Laetitia Gaspar, Cláudia Deus, Sara Silva Pereira e Mariana Osswald, por projetos sobre apneia do sono, doença de Parkinson, infeções parasitárias e tecidos epiteliais.

Laetitia Gaspar, Cláudia Deus (ambas da Universidade de Coimbra), Sara Silva Pereira (Universidade Católica Portuguesa) e Mariana Osswald (Universidade do Porto) vão receber, cada uma, uma bolsa de 15 mil euros, anunciou em comunicado a organização da iniciativa.

As bolsas – chamadas Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência – são uma iniciativa conjunta da empresa de cosmética L’Oréal Portugal, da Comissão Nacional da Unesco e da Fundação para a Ciência e Tecnologia, que designa o júri que avalia as candidaturas.

Atribuídas anualmente a quatro jovens investigadoras, as bolsas visam “promover a participação das mulheres na ciência, incentivando as mais jovens e promissoras cientistas, em início de carreira, a realizarem estudos avançados na área das ciências, engenharias e tecnologias para a saúde ou para o ambiente”.

O júri voltou a ser presidido na edição de 2023 pelo biofísico Alexandre Quintanilha.

Laetitia Gaspar, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, pretende identificar potenciais biomarcadores da síndrome de apneia obstrutiva do sono, um distúrbio caracterizado pelo breve, mas frequente, bloqueio das vias respiratórias que provoca interrupções da respiração totais (apneias) ou parciais (hipopneias) durante o sono.

A possível deteção no sangue de indicadores biológicos da apneia do sono permitirá, segundo a cientista, melhorar o seu diagnóstico e a monitorização da resposta ao tratamento.

Laetitia Gaspar propõe-se ainda estudar, usando também amostras de sangue, alterações moleculares e celulares relacionadas com o processo de envelhecimento em doentes com apneia do sono, por comparação com pessoas sem este distúrbio respiratório.

Estudos anteriores sugeriram uma relação entre a síndrome de apneia obstrutiva do sono, o processo de envelhecimento e o aparecimento de várias doenças, como as cardiovasculares e a diabetes, quando o distúrbio não é tratado.

A investigadora Cláudia Deus, do Instituto Multidisciplinar de Envelhecimento da Universidade de Coimbra, propõe-se testar vesículas extracelulares – nanopartículas segregadas pelas células – como meio de transporte e entrega de ARN mensageiro sintético codificado para o gene Nrf2, um gene regulador cuja função está diminuída em doentes de Parkinson.

Para Cláudia Deus, este meio de transporte e entrega, se for bem-sucedido, “poderá alterar a progressão” da doença de Parkinson, uma patologia neurodegenerativa que afeta os movimentos.

A cientista pretende, paralelamente, investigar os efeitos deste sistema de entrega em disfunções associadas a esta doença, usando células isoladas da pele de pacientes para gerar neurónios dopaminérgicos, células do sistema nervoso responsáveis pelo controlo dos movimentos e que a doença de Parkinson conduz à sua deterioração progressiva e perda.

Em estudos anteriores, Cláudia Deus demonstrou que alterações típicas da degeneração dos neurónios dopaminérgicos que foram observadas em doentes com Parkinson também estão presentes nas suas células da pele.

Sara Silva Pereira, do Centro de Investigação Biomédica da Universidade Católica Portuguesa, propõe-se desenvolver modelos tridimensionais de órgãos e tecidos de animais para estudar doenças causadas por parasitas da família ‘Trypanosomatidae’, como a nagana e a leishmaniose canina.

Para estudar a nagana, uma doença cerebral que afeta o gado bovino sobretudo em África, a investigadora vai criar um modelo que imita a barreira hematoencefálica para perceber como a doença acontece após a interação dos parasitas com um tipo de células imunitárias, as células T CD4+.

Muitas vezes, os animais abrigam parasitas que podem contaminar humanos.

A equipa de Sara Silva Pereira propõe-se ainda trabalhar num modelo de coração para estudar a insuficiência cardíaca associada à leishmaniose.

O trabalho de Mariana Osswald, do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, vai centrar-se no “estudo de uma rede de proteínas que regula a forma e as propriedades mecânicas das células – a actomiosina”.

De acordo com a cientista, o estudo será importante para perceber como os tecidos epiteliais – que revestem a superfície de vários órgãos, como a pele – respondem às forças mecânicas a que estão sujeitos, preservando a sua forma e as funções, que são alteradas por doenças como o cancro.

PR/HN

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