Rui Paulo Sousa diz que Lacerda Sales ser arguido hoje é “estranha coincidência”

6 de Junho 2024

O presidente da comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma considerou esta quinta-feira ser “uma estranha coincidência” que Lacerda Sales seja constituído arguido no dia em que estava previsto ser ouvido no parlamento.

“É uma estranha coincidência que no dia original em que ele era para ser ouvido pela comissão é o dia em que sabemos que ele é constituído arguido”, disse à agência Lusa Rui Paulo Sousa (Chega), referindo que só teve conhecimento da situação pelas notícias.

O ex-secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales era para ser ouvido hoje, mas pediu para a adiar, alegando motivos profissionais para não estar presente.

“Mesmo quando falei com ele, inclusive esta semana, para agendar nova reunião – a sua ida à comissão para o dia 17 – ele nunca referiu que seria constituído arguido ou que já tinha sido”, salientou o também deputado do Chega.

À Lusa, Rui Paulo Sousa recordou que “todos estes acontecimentos, por coincidência, estão a decorrer neste momento”, desde o início das reuniões da comissão de inquérito.

“Agora é que ficamos a saber destas buscas e destas constituições de arguido. Não sabemos se é apenas relativo a Lacerda Sales ou se outras pessoas que vamos ouvir também estão a ser ou foram constituídas arguidas”, observou.

No entanto, o presidente a comissão de inquérito afirmou que a constituição de arguidos não interfere nos trabalhos.

“Isso não impede a sua ida à comissão, porque tem esse dever. Quem for constituído arguido tem a prorrogativa de ir acompanhado por um advogado e poder não responder a algumas questões que considerem que possam estar em segredo de notícia, tirando isso tem o dever de estar presente perante a comissão”, acrescentou.

O antigo governante foi constituído arguido na segunda-feira no âmbito da investigação ao caso das gémeas que foram tratadas no Hospital Santa Maria, disse hoje à Lusa fonte ligada ao processo.

Segundo a mesma fonte, a casa do ex-governante, em Leiria, foi alvo de buscas judiciárias na segunda-feira.

No âmbito do mesmo processo, a Polícia Judiciária (PJ) está hoje a fazer buscas em duas unidades do Serviço Nacional de Saúde (uma delas o Hospital Santa Maria) e em instalações da Segurança Social.

Em causa está o tratamento hospitalar de duas crianças gémeas residentes no Brasil que adquiriram nacionalidade portuguesa e receberam em Portugal, em 2020, o medicamento Zolgensma, com um custo total de quatro milhões de euros.

O caso foi divulgado pela TVI, em novembro passado, e está ainda a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) já concluiu que o acesso à consulta de neuropediatria destas crianças foi ilegal.

Também uma auditoria interna do Hospital Santa Maria concluiu que a marcação de uma primeira consulta hospitalar pela Secretaria de Estado da Saúde foi a única exceção ao cumprimento das regras neste caso.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Álcool mata 2,6 milhões de pessoas por ano

O álcool mata 2,6 milhões de pessoas por ano, alertou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS), considerando que este número permanece “inaceitavelmente elevado”, apesar da descida ligeira que tem registado nos últimos anos.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights