Ainda sem dados globais da região Centro, a dirigente da Fnam Carla Silva disse à agência Lusa que, às 12:00, se registava uma adesão de 100% à greve no serviço de anestesiologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), afetando as cirurgias naquele hospital, funcionando apenas os serviços mínimos.
“A nível de cuidados de saúde primários, registamos uma média de 70% a 80% e temos unidades completamente encerradas, já que nos centros de saúde não há serviços mínimos e, portanto, não há atividade assistencial em muitas unidades”, notou.
Segundo Carla Silva, o serviço de neurodesenvolvimento do Pediátrico de Coimbra regista também 100% e o serviço de medicina interna do Hospital Geral dos Covões de 90%, com outros serviços a registarem “à volta dos 70%”.
Em Aveiro e Figueira da Foz, a adesão à greve também se situa em cerca de 75%, referiu, notando que os médicos internos são aqueles que mais têm aderido à greve, dando indicação de que estão cansados e insatisfeitos com as perspetivas de futuro.
“É uma adesão significativa e cabe agora ao Governo interpretar e ver se isto os incomoda ou não. Daquilo que temos visto das medidas implementadas é de que não querem fortalecer o Serviço Nacional de Saúde e a saúde pública”, criticou, referindo que “onde há fragilidades” a ideia da tutela passa por entregar as respostas “ao setor privado ou social”.
Segundo Carla Silva, o processo negocial com o Governo “é quase inexistente”, acusando a ministra da Saúde de se recusar “a falar em medidas de fixação de médicos no Serviço Nacional de Saúde” ou das suas carreiras.
A dirigente sindical falava aos jornalistas na entrada do Hospital Geral dos Covões, em Coimbra, considerando que aquela unidade tem sofrido de um “desmantelamento de serviços”.
“Neste momento, o que é que nós temos aqui? Um hospital moribundo”,constatou, referindo que as condições nos HUC também se têm vindo a degradar, enquanto, à volta, “populam hospitais privados”.
Carla Silva vincou que o Ministério da Saúde tem de dizer de forma clara que política quer implementar.
“É importante que diga efetivamente se a saúde para eles não é um direito, se passou a ser um luxo e se é preciso ser paga”, asseverou, apelando à população para que lute ao lado dos médicos na defesa da saúde pública.
A Fnam iniciou hoje uma greve geral de dois dias, bem como uma paralisação ao trabalho suplementar nos cuidados de saúde primários até 31 de agosto, acusando a tutela de “intransigência e inflexibilidade”.
Entre as reivindicações da Fnam está a reposição do período normal de trabalho semanal de 35 horas e a atualização da grelha salarial, a integração dos médicos internos na categoria de ingresso na carreira médica e a reposição dos 25 dias úteis de férias por ano e de cinco dias suplementares de férias se gozadas fora da época alta.
LUSA/HN
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