“Tempo para utilizarem os ‘smartphones’, os alunos certamente terão em casa e noutros espaços. No caso das escolas, a interação é fundamental, sem tecnologias, sem nada”, insistiu o psicólogo açoriano durante uma audição na comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Regional, reunida em Ponta Delgada.
Os deputados ouviram a Ordem dos Psicólogos, a propósito de uma proposta do Bloco de Esquerda, que defende “a promoção do uso saudável de tecnologias nas escolas”, nomeadamente a proibição do uso de telemóveis para os alunos do 1º e do 2º ciclo do ensino básico, como forma de minimizar a utilização excessiva de ecrãs em idade escolar.
O BE quer também garantir que todos os alunos da região possam ter acesso gratuito aos manuais em papel.
Marco Santos concorda com a introdução de restrições na utilização de ‘smartphones’ e ‘tablets’ nos estabelecimentos de ensino da região e alerta mesmo para os riscos que as novas tecnologias podem trazer para as crianças, que deixam de comunicar entre si e praticamente não fazem exercício físico nos recreios, “por estarem sempre ao telemóvel”.
“Utilizam as tecnologias, podendo propiciar alguns momentos em que se constitua como ‘cyberbullying’ ou, eventualmente, o muito característico ‘body shaming’, que é utilizarem a ridicularização do corpo dos outros”, advertiu o presidente da Secção dos Açores da Ordem dos Psicólogos, lembrando que há vários países que estão já a “abandonar os manuais digitais”, nomeadamente entre os alunos do 1º e 2º ciclos.
Uma ideia que é defendida também por José Freire, presidente da Associação Desliga, criada nos Açores em 2022 para alertar para os riscos da internet, sobretudo entre as crianças, que está preocupado não apenas com a utilização excessiva de ‘smartphones’ em ambiente escolar, mas também em ambiente familiar.
“Estas crianças não dormem! Chegam às escolas, completamente cheias de sono, às 08:30. Pegam na mochila, metem em cima da secretária e dormem! E a gente deixa-as dormir…”, lamenta este professor, referindo-se àquilo que costuma ver nas salas de aula, entre os alunos que passam demasiado tempo nos telemóveis.
José Freire entende que, mais do que chamar a atenção dos alunos e dos professores para as consequências negativas do uso desregulado da internet, é preciso também advertir os pais e encarregados de educação.
O professor deixa ainda um alerta: “Nós estamos a matar os nossos miúdos, devagarinho! Isto é uma droga, que está a matar tudo!”.
LUSA/HN
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