O coordenador clínico da unidade, que completou 35 anos na semana passada, adiantou que os restantes casos de pessoas com queimaduras são causados por acidentes de trabalho, nomeadamente no setor elétrico, e doentes com lesões cutâneas agudas ou com doenças dermatológicas graves.
“Ao longo destes anos temos recebidos doentes não só da região centro, mas de todo o país, até porque devido à nossa maior capacidade por vezes é muito mais fácil recebermos de outros lados”, salientou Luís Cabral, que integra o serviço deste a sua criação, em 1989.
Segundo o médico, a Unidade de Queimados da ULS de Coimbra atende entre 150 e 200 doentes por ano, dos quais cerca de 20 a 25% são de fora da região centro.
“Os nossos resultados estão em média com o que se passa ao nível da Europa. A nossa mortalidade está de acordo com a média europeia, os nossos tempos de internamento também e a taxa de infeção está um bocadinho abaixo, o que é ótimo”, sublinhou.
A unidade dispõe de 10 quartos independentes, cinco dos quais preparados para a prestação de cuidados intensivos, e desde 2023 que é a única em Portugal certificada pela European Burns Association (EBA) e uma das menos de trinta certificadas em toda a Europa como centro de queimados de alto nível.
O coordenador clínico Luís Cabral frisou que a unidade cumpre “os mais exigentes critérios em termos de estrutura física, qualificação científica dos profissionais e recursos técnicos de qualidade dos cuidados prestados aos doentes”.
“De uma forma geral, o nosso esforço tem valido a pena ao longo destes anos. Temos uma equipa multidisciplinar extremamente coesa, que engloba não só cirurgiões plásticos, anestesistas, médicos de várias outras especialidades, como também os enfermeiros, os farmacêuticos, os psicólogos e os auxiliares operacionais”, realçou.
A unidade é ainda procurada por médicos e enfermeiros de diversas especialidades, provenientes de hospitais de todo o país, para realizar estágios formativos, contribuindo para o prestígio da ULS de Coimbra dentro do SNS (Serviço Nacional de Saúde).
De acordo com Luís Cabral, a evolução da medicina tem permitido que doentes que faleciam logo nas primeiras horas com uma queimadura, atualmente consigam sobreviver ao período inicial de choque com uma condição física que nos permita remover as áreas queimadas e substituí-las por pele do próprio doente.
Apesar de todos os progressos e reforço de meios nos últimos anos, o coordenador clínico da Unidade de Queimados da ULS de Coimbra disse que faz falta uma unidade de cuidados intermédios, que “permitisse aos doentes recuperar pouco a pouco, melhorar a sua readaptação à sociedade, fazer os pensos com outros cuidados e ter todo o apoio em termos médicos e psicológicos”.
“Um doente queimado grave quando sai daqui ou vai para cuidados continuados, que nem sempre tem as condições ideais para fazer os pensos após internamento, ou vai para casa quando é menos graves”, sublinhou.
Luís Cabral destacou ainda a criação de uma consulta específica de queimados, que, por vezes, são pessoas de um estrato socioeducativo relativamente baixo que precisam de várias consultas e muitas vezes não sabiam onde se dirigir, e a existência da Associação Amigos dos Queimados, que protege e cuida dos direitos daqueles doentes.
LUSA/HN
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