“A seleção da província da Zambézia como pioneira é devido ao elevado número de casos e óbitos por malária reportados em crianças menores de 5 anos”, explica-se numa nota daquele ministério, acrescentando que, face à “disponibilidade limitada da vacina contra a malária no mercado”, a introdução “será feita de forma faseada”, iniciando naquela província “em todas as unidades sanitárias dos 22 distritos”.
“A partir do próximo ano, a vacina será expandida para outros locais do país, em função das prioridades e disponibilidade da vacina no mercado”, refere-se.
A vacina contra a malária adotada por Moçambique “é de administração intramuscular” e o grupo alvo são crianças com idade compreendida entre os 6 e 11 meses de idade.
“Aos 6 meses fará a primeira dose, aos 7 meses a segunda dose, aos 9 meses a terceira dose e aos 18 meses a quarta dose”, explica o Ministério da Saúde.
Para as crianças que iniciarem a vacinação depois dos 6 meses, a segunda e terceira doses da vacina contra a malária “serão dadas com um espaçamento de quatro semanas entre elas, e a quarta e última dose com um espaçamento de seis meses”.
A vacina contra a malária será administrada com outras vacinas em todas as Unidades Sanitárias e nas brigadas móveis de acordo com o calendário vacinal de Moçambique.
“É segura, eficaz e proporciona proteção adicional contra a malária. Muitos países já introduziram a vacina contra a malária com resultados satisfatórios, como Malaui, Gana, Quénia, Benim, Burundi, Sudão do Sul, Uganda e Serra Leoa”, destaca ainda.
O Ministério da Saúde recorda que a malária continua a ser “um dos maiores problemas de saúde pública” em Moçambique “e das principais causas de morbilidade e mortalidade”.
O país registou até maio passado 5.188.624 casos de malária, “uma diminuição de 33%” face ao mesmo período de 2023, além de 28.602 casos de malária grave, menos 7% em termos homólogos.
“Os óbitos intra-hospitalares observaram a mesma tendência de redução, ao se registar 172 óbitos em 2024 contra 202 óbitos em igual período de 2023, que representa uma diminuição de 28%”, prossegue o ministério.
“Como qualquer outra vacina que está em circulação, após a vacinação contra a malária a criança pode ter os efeitos secundários como febre, dor ou inchaço no local da injeção, mas é uma reação que irá passar em curto tempo. No caso em que uma criança é administrada a vacina e apresenta sinais ou sintomas graves, deve-se dirigir a uma unidade sanitária”, sublinha ainda, apelando à manutenção de outras medidas de prevenção da doença.
“A vacina contra a malária tem efeitos na redução dos casos graves e óbitos por malária”, recorda, acrescentando que a vacinação que arranca hoje representa um investimento, numa primeira fase, de 381.229 dólares (348 mil euros), financiados pelo Governo e pela Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi), entre outros parceiros.
As autoridades moçambicanas anunciaram anteriormente que será utilizada no país a R21/Matrix-M, segunda vacina contra a malária para crianças, desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e aprovada em outubro pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A vacina a utilizar em Moçambique é a segunda recomendada pela OMS, após a RTS,S/AS01 em 2021, seguindo os conselhos do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE) e do Grupo Consultivo de Políticas sobre Malária (MPAG).
LUSA/HN
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