María Branyas sobreviveu à pandemia de gripe espanhola em 1918, a duas guerras mundiais, à Guerra Civil em Espanha, bem como à covid-19, em 2020, pouco depois de completar 113 anos e da qual recuperou em poucos dias.
Segundo a família, a centenária, que “morreu como quis, quando dormia, em paz e sem dor”, teria dito há alguns dias: “Um dia vou partir (…) deixarei de existir neste corpo. Um dia que desconheço, mas que está muito perto, esta longa viagem terminará. A morte encontrar-me-á exausta de ter vivido tanto, mas quero que me encontre sorridente, livre e satisfeita”.
A mensagem foi publicada pouco antes das 11:30 (menos uma hora em Lisboa) pelos seus próximos, que disseram querer lembrar-se dos “seus conselhos e gentileza”.
“Sinto-me fraca. A minha hora aproxima-se. Não chorem, não gosto de lágrimas. E, sobretudo, não tenham pena de mim. Para onde for, serei feliz”, podia ler-se na segunda-feira na conta gerida pela sua família.
María Branyas era a decana do mundo, segundo o Grupo de Investigação Gerontológica (GRG), com sede nos Estados Unidos, e o Livro dos Recordes Guinness, tendo sucedido à francesa Lucile Randon, que morreu em janeiro de 2023 aos 118 anos.
Agora a pessoa mais velha do mundo é a japonesa Tomiko Itooka, nascida a 23 de maio de 1908, contando assim 116 anos, segundo o GRG.
A decana espanhola vivia há mais de 20 anos no lar de idosos Santa Maria del Tura, em Olot, na Catalunha.
Nascida a 4 de março de 1907 em São Francisco (oeste dos Estados Unidos), para onde a sua família tinha emigrado, veio para Espanha em 1915.
Em 1931, casou com um médico, que morreu aos 72 anos, e teve três filhos (um dos quais morreu aos 86 anos), 11 netos e vários bisnetos.
A sua filha mais nova, Rosa Moret, octogenária, disse uma vez que a sua mãe nunca tinha estado hospitalizada, nem tinha tido uma fratura.
Uma equipa da Universidade de Barcelona estudou o seu ADN para determinar as causas da sua longevidade e um dos investigadores, Manel Esteller, declarou-se surpreendido com o seu bom estado de saúde, numa entrevista ao diário espanhol ABC, divulgada em outubro de 2023.
“Está completamente lúcida. Lembra-se com impressionante acuidade de momentos em que tinha apenas quatro anos e não tem nenhuma doença cardiovascular, o que é comum em pessoas mais idosas. Os únicos problemas que tem são de mobilidade e audição. É incrível”, disse o especialista em genética.
A francesa Jeanne Calment, que morreu em 1997 com 122 anos e 164 dias, é a pessoa mais velha conhecida até hoje.
LUSA/HN
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