FNAM quer “endurecer a luta” em conjunto com todo o setor

12 de Outubro 2024

A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) decidiu hoje “endurecer a luta” contra as políticas do Governo para a saúde e vai reunir-se com os sindicatos das restantes classes profissionais do setor para definir um plano com esse objetivo.

“Nós acreditamos que todo o setor da saúde tem de se unir para fazer frente a estas políticas desastrosas que têm sido praticadas pelo Ministério da Saúde de Ana Paula Martins que, no fundo, está apenas a encetar negociações de fachada com todo o setor”, adiantou a Lusa a presidente da federação.

Esta foi uma das deliberações do Conselho Nacional da Fnam que se reuniu hoje em Coimbra para analisar o estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas também a proposta de Orçamento do Estado para 2025 que o Governo entregou na quinta-feira no parlamento.

“Vamos iniciar um esforço para desenhar toda essa luta conjunta”, adiantou Joana Bordalo e Sá, ao salientar que a decisão de escalar as formas de luta foi decidida por unanimidade no Conselho Nacional.

Segundo disse, os médicos manifestaram-se “completamente dispostos a endurecer a luta num esforço com o resto dos profissionais”, caso dos enfermeiros, dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, dos psicólogos, dos farmacêuticos e dos nutricionistas, entre outros.

“Nós precisamos de médicos, mas é todo o setor da saúde que está prejudicado com este tipo de políticas que tem sido aplicado pelo Ministério da Saúde”, alertou Joana Bordalo e Sá, para quem a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano é “completamente vazia” em medidas para reforçar os recursos humanos no SNS.

A dirigente sindical adiantou ainda que não está definida a “forma de luta”, mas admitiu que a possibilidade de uma greve nacional de todas as classes profissionais do serviço público de saúde “está em cima da mesa”.

A proposta do Orçamento do Estado para 2025 prevê que a despesa com pessoal do SNS aumente cerca de 425 milhões de euros no próximo ano, totalizando 7,09 mil milhões de euros (+6,4%).

No global, a Saúde vai dispor no próximo de ano de mais de 16,8 mil milhões de euros, com a dotação orçamental essencialmente repartida por despesas com pessoal (41,8%) e aquisição de bens e serviços (49,6%), que inclui as compras de medicamentos, os meios complementares de diagnóstico e terapêutica e as parcerias público-privadas.

O Conselho Nacional decidiu também, segundo Joana Bordalo e Sá, exigir ao Ministério da Saúde que volte às negociações com a estrutura sindical, tendo em conta que “representa uma grande fatia dos médicos sindicalizados no SNS”.

A Fnam pretende negociar com o Governo a possibilidade de os médicos voltarem à dedicação exclusiva, de forma opcional e majorada, a reposição das 35 horas de trabalho semanais e a integração na carreira médica dos internos (em formação da especialidade que escolheram).

“Sendo nós uma estrutura com tanta representatividade, o Ministério da Saúde de Ana Paula Martins não tem outra solução se não a de reunir com a Fnam”, salientou Joana Bordalo e Sá.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

DGS Define Procedimentos para Nomeação de Autoridades de Saúde

A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu uma orientação que estabelece procedimentos uniformes e centralizados para a nomeação de autoridades de saúde. Esta orientação é aplicável às Unidades Locais de Saúde (ULS) e aos Delegados de Saúde Regionais (DSR) e visa organizar de forma eficiente o processo de designação das autoridades de saúde, conforme estipulado no Decreto-Lei n.º 82/2009.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights