BIAL vai continuar a focar investigação nas neurociências e apostar nas doenças raras

13 de Outubro 2024

A farmacêutica portuguesa BIAL dedica 20% da faturação à investigação, sendo o objetivo continuar a focar-se nas neurociências e apostar nas doenças raras, disse o presidente executivo da empresa, António Portela.

“Aquilo que hoje é claro para nós é que sem termos inovação é muito difícil crescermos. Claro que podemos comprar essa inovação ou podemos desenvolvê-la internamente. Nós temos feito uma aposta muito grande em sermos nós a desenvolver, mas também temos feito algumas compras fora, para nos ajudar a crescer”, disse António Portela, em entrevista à Lusa em Madrid.

A BIAL, que comemora em 2024 cem anos de existência, tem dois medicamentos próprios, um para a epilepsia, que está no mercado desde 2009, e outro para a doença de Parkinson, lançado em 2020.

Estes dois medicamentos representaram 60% das vendas totais do grupo BIAL em todo o mundo em 2023, num crescimento de 12% em relação a 2022.

A BIAL dedica tradicionalmente 20% do volume de vendas a investigação e desenvolvimento (I&D) e “vai continuar assim”, disse António Portela.

“Apesar de em Portugal serem valores muito elevados, no mundo farmacêutico não são. Sentimos que precisávamos de investir mais. Portanto, o nosso compromisso é continuarmos a investir e aquilo que nós precisamos é aumentar a nossa faturação, aumentar a escala da empresa, para podermos dedicar mais meios à investigação e desenvolvimento”, afirmou.

Segundo António Portela, a percentagem de 20% explica-se por permitir manter uma situação financeira equilibrada na empresa.

“O que temos tentado fazer é aumentar a escala de empresa, fazer crescer a empresa em termos de faturação, porque isso nos permitirá afetar mais à investigação e desenvolvimento”, reforçou.

A BIAL começou por focar a investigação nas áreas das neurociências e do cardiovascular, mas há três anos fez um balanço dos resultados, para tomar decisões para os próximos anos.

A opção foi manter a aposta na área das neurociências, em que teve mais êxito, com o lançamento de dois medicamentos, e deixou cair a área cardiovascular, na qual nunca conseguiu grandes resultados.

A par do foco nas neurociências, a BIAL está também a apostar na área das doenças raras, revelou António Portela.

“Só mais para o final da década é que, provavelmente, vamos conseguir lançar o nosso próximo medicamento”, acrescentou.

A BIAL está, porém, a lançar um novo medicamento para a doença de Parkinson, uma licença de uma empresa americana cujos direitos para a Europa foram comprados pela farmacêutica portuguesa.

Segundo António Portela, a BIAL pretende ser “a empresa líder na área das neurociências na Europa”.

O novo medicamento já foi lançado na Alemanha e vai ser lançado em Espanha e Portugal em janeiro.

Leia também: António Portela pede atualização de preços para manter medicamentos no mercado

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Saúde mental prioritária: 1 psicólogo por cada 500 alunos

A nova Lei n.º 54/2025 estabelece um rácio de 1 psicólogo por cada 500 alunos nas escolas públicas e cria uma rede de serviços de psicologia no ensino superior, incluindo uma linha telefónica gratuita. Estas medidas reforçam a saúde mental e o bem-estar educacional em Portugal.

IGAS processa Eurico Castro Alves

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anunciou hoje ter instaurado em novembro de 2024 um processo ao diretor do departamento de cirurgia do Hospital Santo António, no Porto.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights