Na conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros, Leitão Amaro explicou que a renovação dos quatro helicópteros atuais será feita através de um concurso, com prazo de contratação entre junho de 2025 e junho de 2030, com um valor total de 98 milhões de euros.
Confrontado com o impacto da greve às horas extraordinárias do Sindicato dos Técnicos de Emergência pré-hospitalar (STEPH), que tem causado problemas na gestão do sistema de resposta a emergências de saúde, Leitão Amaro admitiu que existem problemas antigos e mostrou-se disponível em dialogar.
Leitão Amaro disse que o Governo está “disponível para, com os representantes dos técnicos de emergência médica, encetar um diálogo numa perspetiva de valorização das carreiras” e também, até ao reforço dos recursos humanos, “melhorar as condições de incentivo para a execução desse trabalho suplementar”, afirmou Leitão Amaro.
“Este é um governo que já demonstrou capacidade de diálogo. Confiem em nós que estamos disponíveis para esse diálogo. Vamos juntos pôr o INEM a funcionar, muito melhor do que as condições muito complicadas que herdámos do governo anterior”, disse o governante, que fez várias críticas ao modo como a instituição está a funcionar.
“Encontrámos no aparelho do Estado, no caso da emergência médica, uma enorme dificuldade e degradação da capacidade de resposta”, disse, apontando a falta de recursos humanos e de capacidade operacional como os principais problemas.
Segundo o ministro da Presidência, o “sistema de emergência médica tem de funcionar e é crítico para a segurança, para a perceção de segurança e para a saúde dos portugueses”, pelo que o atual executivo promete, “passo a passo, corrigir estes problemas”.
O governo adquiriu 300 veículos de emergência em agosto (dois terços dos quais entregues ao INEM), foram abertas mais 200 vagas para técnicos e está prevista a ampliação do prazo de contratualização dos helicópteros.
Leitão Amaro admitiu que entre os problemas detetados está a “desvalorização e perda da atratividade da função de técnico de emergência médica”.
Quanto ao reforço de 200 técnicos quando o INEM tem um défice de cerca de 700 profissionais, o ministro explicou que o concurso está limitado à capacidade de formação dos quadros.
“Podem ser contratados tantos quantos podem passar pelo processo de formação”, disse Leitão Amaro.
“É preciso salvar, resgatar e recuperar o INEM”, com “mais gente nos centros de atendimento telefónico”, acrescentou.
Sobre o contrato dos helicópteros, Leitão Amaro referiu que a Força Aérea foi chamada ao processo para que possa ter uma “intervenção futura”, sem explicar em que moldes.
Pelo menos três pessoas morreram nos últimos dias na sequência de alegados atrasos no atendimento do INEM.
Um dos casos, que ocorreu na freguesia de Molelos, Tondela, foi o de uma mulher de 94 anos em paragem cardíaca, em que um familiar conseguiu ligar para a linha 112 às 09:34, mas a chamada só foi transferida para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) às 10:19, cerca de 45 minutos depois.
Segundo o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), a mulher ainda foi transportada para o centro hospitalar de Lamego, onde foi declarado o óbito.
O segundo caso ocorreu na quinta-feira em Bragança, quando um homem morreu em paragem cardíaca.
O terceiro caso foi divulgado hoje pelo jornal Público, que adianta que o INEM não atendeu o pedido de socorro de uma mulher.
Segundo o jornal, a mulher sentiu-se mal quando estava a ser ouvida no Tribunal de Almada. Os serviços estiveram hora e meia a tentar contactar INEM e a PSP acabou por transportá-la para o Hospital Garcia da Orta, onde morreu.
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