Quando se assinala o Dia Mundial do Cuidador Informal, o coordenador da Linha de Apoio fez um balanço do funcionamento deste serviço e adiantou que desde que entrou em funcionamento, em setembro de 2023, e até ao dia 03 de outubro, receberam “cerca de 279 chamadas”.
“Dessas chamadas foram transformadas em 90 consultas, em que 49 delas foram presenciais e 41 online”, adiantou o psicólogo André Louro, acrescentando que a maioria dessas chamadas foi feita por mulheres.
O responsável explicou que é feita uma triagem, consoante as necessidades da pessoa que liga, porque esta é uma linha que presta apoio psicológico, apesar de haver quem ligue a pedir informações ou a pedir outro tipo de ajudas, como uma cadeira de rodas ou uma cama articulada.
“A função desta linha não é isso, a função é sobretudo ajudar as pessoas no sentido de lidar melhor com a situação pela qual estão a passar e terem um melhor autocuidado delas próprias e conseguirem também dar o cuidado a quem cuida”, apontou André Louro.
Adiantou que a criação da linha surge na sequência de um estudo que concluiu que “a melhor forma de as pessoas [cuidadoras] acederem a este tipo de apoio era através da linha de telefone”.
“Primeiro, porque é de âmbito nacional, portanto, qualquer pessoa, em diferentes partes do país, pode ligar para a linha, segundo não precisa se deslocar, porque muitas vezes acabam por estar sobrecarregados a ter que cuidar”, salientou.
De acordo com o responsável, no processo de triagem são analisadas as situações que podem ser imediatamente resolvidas e as que precisam de acompanhamento, sendo que neste último caso podem ser encaminhadas para consultas presenciais, caso o cuidador resida na zona do Porto, onde a associação tem sede.
Quando tal não é possível, a consulta pode ser feita à distância, tanto por telefone como online.
“Fazemos uma avaliação psicológica consoante as necessidades. Depois, a partir daí, o que trabalhamos com as pessoas é sobretudo [analisar] que recursos é que elas têm, que recursos é que não têm e o que é que é preciso fazer para ter esses recursos”, explicou o psicólogo.
Nesse processo, os três psicólogos que trabalham na linha, ajudam a pessoa cuidadora a “ventilar as suas emoções” para que ela consiga “reestruturar as ideias, os pensamentos”, o que “também alivia”.
Trabalham também no sentido de ajudar a que as pessoas sejam proativas a encontrar soluções, seja na procura de apoio na rede de amigos ou família, seja a melhorar a comunicação já que, apontou André Louro, ainda há muita vergonha no momento de aceitar que é preciso ajuda.
Explicou que também é trabalhada a necessidade do autocuidado, salientando que só é possível ajudar a pessoa cuidada se a pessoa cuidadora estiver bem.
De acordo com o responsável, as pessoas que ligam para a linha de apoio queixam-se sobretudo de estarem sobrecarregadas com um trabalho que ocupa as 24 horas do dia e nas quais “estão constantemente a cuidar do outro”.
A linha, que funciona através do número 808 200 199, estava inicialmente pensada para funcionar pelo período de um ano, até setembro de 2024, mas a associação conseguiu garantir financiamento para que ela se mantenha operacional até ao final do ano.
André Louro disse ainda que estão agora a tentar garantir financiamento que mantenha a linha em funcionamento por mais um ano.
LUSA/HN
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