“A senhora ministra mentiu, porque há provas, e a seguir vai responder e vai dizer se de facto o seu ministério, o seu gabinete, a senhora Ministra, a senhora Secretária de Estado, o presidente do INEM receberam ou não receberam comunicações do sindicato” sobre a greve e os seus impactos, acusou o deputado do PS no parlamento.
“Como é que pode ter dito que não estava à espera do que estava a acontecer e que não tinha conhecimento? Isso é inaceitável”, sustentou.
Na resposta, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, refutou as acusações de João Paulo Correia, negando categoricamente ter mentido.
“Não posso deixar de lhe dizer, e assumo completamente aquilo que lhe vou dizer olhos nos olhos, que a sua falta de urbanidade no tratamento, ao afirmar que eu menti, é algo que considero pessoalmente grave, e sabe porquê senhor deputado? Porque eu não menti, eu não menti”, disse no parlamento, onde está a ser ouvida no âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2025.
A governante explicou que disse ter ficado surpreendida no dia em que soube que estavam a decorrer duas greves em simultâneo por duas razões.
A primeira é que “a greve de dia 4 [de novembro] foi uma greve da administração pública que não era suposto ter impacto no INEM” e a segunda razão é porque o Governo estava desde junho a trabalhar no sentido de iniciar uma negociação sindical.
“Houve uma coisa que é verdade, que não fizemos. Não reunimos com os técnicos, de facto, antes do dia em que acabei por me reunir por uma razão: Nós precisávamos e precisamos de ter uma tabela salarial que esteja absolutamente sólida para propor ao sindicato”, explicou.
Numa crítica ao anterior governo PS, a ministra disse que o que o Governo não vai fazer aos técnicos é chamá-los “na véspera das Jornadas Mundiais da Juventude”, porque ameaçam com uma greve, e dizer-lhes que paga as horas extraordinárias em atraso.
Na sua intervenção, João Paulo Correia afirmou ainda que “o colapso do sistema de emergência pré-hospitalar e o caos da resposta do INEM são da inteira responsabilidade do Governo”, concretamente da ministra da Saúde e do primeiro-ministro.
“A senhora ministra fez um esforço de mais de 10 minutos para tentar dizer que aquilo que aconteceu se deve às dificuldades estruturais do INEM e não às suas responsabilidades por negligência e incompetência no exercício das funções. O que é certo é que todos percebemos que quem falhou redondamente foi a senhora Ministra da Saúde com a cobertura do senhor primeiro-ministro”, insistiu.
João Paulo Correia disse ainda que, “olhando às circunstâncias que levaram à demissão de membros de anteriores governos, o senhor primeiro-ministro já teria demitido a senhora ministra da Saúde”.
Ou então, defendeu, “a ministra já devia ter apresentado a sua demissão porque as suas responsabilidades nesta matéria são inteiras”.
“A senhora ministra sabia que a greve iria acontecer, soube com mais 10 dias de antecedência (…) e não reagiu”, frisou, salientando que o sindicato, quando anunciou a greve, disse que a paralisação iria provocar um impacto no atendimento das chamadas e na mobilização das ambulâncias de socorro.
LUSA/HN
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