Quatro Projetos de Saúde nos PALOP Recebem 400 Mil Euros para Combater Cancro e Tuberculose

11 de Fevereiro 2025

Quatro projetos de capacitação em ciências da saúde nos PALOP recebem 100 mil euros cada, durante três anos, para reforçar investigação em cancro, pediatria e relação tuberculose-diabetes, numa parceria Gulbenkian e "la Caixa"

A Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação “la Caixa” vão apoiar, durante os próximos três anos, quatro novos projetos de capacitação institucional em ciências da saúde nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), no âmbito da iniciativa “We Forward”. Os projetos, selecionados por um júri internacional entre 20 candidaturas, receberão cerca de 100 mil euros cada, com foco em áreas críticas como oncologia, pediatria e a relação entre tuberculose e diabetes em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.

Em Angola, a Universidade Katyavala Bwila lidera o projeto “Capacitação para a Investigação, Prevenção e Tratamento das Doenças Oncológicas em Albinos”, em parceria com o Hospital Central do Lubango e o Instituto Português de Oncologia do Porto. A iniciativa, coordenada por Maria Madalena Paulo Chimpolo, visa combater a elevada incidência de cancro de pele em pessoas com albinismo nas províncias da Huíla e Benguela, regiões com alta exposição solar e vulnerabilidades socioeconómicas. O plano inclui a criação de infraestruturas integradas para diagnóstico e tratamento, análise de biomarcadores moleculares e desenvolvimento de modelos clínico-patológicos para melhorar prognósticos.

Na Guiné-Bissau, dois projetos destacam-se. A Universidade Jean Piaget de Bissau avança com a “Iniciativa em Oncologia”, liderada por Bubacar Embaló, para reforçar a resposta nacional ao cancro através da integração de ensino, investigação e cuidados clínicos. O país enfrenta desafios como baixas taxas de diagnóstico precoce e escassez de especialistas. Paralelamente, a Universidade Lusófona, sob coordenação de Baltazar Cá, investigará a relação bidirecional entre tuberculose e diabetes mellitus, analisando como a diabetes agrava a progressão da tuberculose e vice-versa, num estudo prospetivo com doentes caracterizados para ambas as condições.

Em Moçambique, a Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane fortalece os Núcleos de Investigação de Pediatria, liderados por José Sumbana, com ênfase em ensaios clínicos para novos medicamentos e vacinas. O projeto inclui a modernização do Laboratório de Microbiologia, formação em boas práticas clínicas e gestão bioética, em colaboração com o Conselho Europeu para o Desenvolvimento de Ensaios Clínicos (EDCTP).

A iniciativa “We Forward”, lançada em finais de 2024, resulta de um protocolo entre as duas fundações para reforçar a ligação entre instituições académicas e unidades de saúde nos PALOP, promovendo a sustentabilidade do setor. Desde 2015, a parceria entre a Gulbenkian (via Programa Parcerias com África) e a “la Caixa” (através da Área Internacional) já apoiou múltiplas ações para a melhoria da saúde global na região.

A Fundação Calouste Gulbenkian mantém, nos PALOP, um foco estratégico em educação STEM, investigação em saúde e internacionalização artística, alinhado com metas de equidade e desenvolvimento sustentável.

PR/HN/MM

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Confiança: o pilar da gestão de crises na Noruega

A confiança foi essencial na gestão da pandemia pela Noruega, segundo o professor Øyvind Ihlen. Estratégias como transparência, comunicação bidirecional e apelo à responsabilidade coletiva podem ser aplicadas em crises futuras, mas enfrentam desafios como polarização política e ceticismo.

Cortes de Ajuda Externa Aumentam Risco de Surto de Mpox em África

O corte drástico na ajuda externa ameaça provocar um surto massivo de mpox em África e além-fronteiras. Com sistemas de testagem fragilizados, menos de 25% dos casos suspeitos são confirmados, expondo milhões ao risco enquanto especialistas alertam para a necessidade urgente de políticas nacionais robustas.

Audição e Visão Saudáveis: Chave para o Envelhecimento Cognitivo

Um estudo da Universidade de Örebro revela que boa audição e visão podem melhorar as funções cognitivas em idosos, promovendo independência e qualidade de vida. Intervenções como aparelhos auditivos e cirurgias oculares podem retardar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento.

Défice de Vitamina K Ligado a Declínio Cognitivo

Um estudo da Universidade Tufts revela que a deficiência de vitamina K pode intensificar a inflamação cerebral e reduzir a neurogénese no hipocampo, contribuindo para o declínio cognitivo com o envelhecimento. A investigação reforça a importância de uma dieta rica em vegetais verdes.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights