Ex-presidente da ULS Almada/Seixal já saiu do cargo e diz que “até na saída a deselegância imperou”

14 de Fevereiro 2025

A ex-presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde Almada-Seixal Teresa Machado Luciano disse hoje que foi informada da sua substituição através de um telefonema do seu sucessor, o que lamentou.

“Até no momento da saída do Conselho de Administração a deselegância imperou”, disse Teresa Machado Luciano em declarações à agência Lusa, para quem o seu “mandato só termina em dezembro de 2026, conforme certidão permanente do registo comercial”, pelo que poderá avançar com uma ação judicial.

O Governo anunciou na quinta-feira à noite que o médico Pedro Correia Azevedo é o novo presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde de Almada/Seixal (ULSAS), no distrito de Setúbal, tendo no mesmo dia sido publicada a nomeação em Diário da República, com efeitos a partir de hoje.

Desde hoje de manhã que Teresa Machado Luciano deixou de exercer o cargo de presidente do Conselho de Administração da ULSAS, que já está a ser exercido por Pedro Correia Azevedo.

“Ter conhecimento da substituição através de um telefonema do meu sucessor, sem uma qualquer palavra prévia por parte da tutela, é no mínimo deselegante e não pode deixar de ser assinalado”, disse à agência Lusa Teresa Machado Luciano.

A ex-presidente do conselho de administração da ULSAS disse ainda que ao longo de mais de 20 anos da sua carreira profissional procurou encontrar as melhores soluções para as instituições do Serviço Nacional de Saúde nas quais trabalhou.

“Este nível de tratamento é revelador de uma perturbadora forma de descarte de altos dirigentes do universo do Ministério da Saúde, com a qual não me revejo e que só posso condenar”, frisou.

Teresa Machado Luciano acrescentou que a ULSAS de Almada/Seixal tem profissionais de excelência, que todos os dias fazem um trabalho de grande qualidade em prol da população que servem, pelo que diz fazer votos para que a nova equipa “esteja à altura do enorme desafio que terá pela frente”.

O novo Conselho de Administração é presidido por Pedro André Correia Azevedo, médico da CUF, que já tinha exercido no hospital Garcia de Orta e militante do PSD/Almada, e terá Ana Luísa da Silva Broa como diretora clínica para a área dos Cuidados de Saúde Hospitalares.

Será também composto por Sénia Marisa Sousa Guerreiro, diretora clínica para a área dos Cuidados de Saúde Primários, Miguel Ângelo Madeira Rodrigues, vogal executivo, e Susana Almeida Graúdo, enfermeira diretora, segundo a resolução do Conselho de Ministros.

Pedro Correia Azevedo substitui no cargo Teresa Machado Luciano que denunciou numa audição parlamentar, em setembro de 2024, que o conselho de administração recebeu um telefonema de menos de três minutos da Direção Executiva do SNS, então liderada por António Gandra D´Almeida, a dizer que “a ministra tinha apreço pelo trabalho que desenvolviam, mas se podiam fazer cartas de rescisão”.

A responsável contou que, na conversa de menos de três minutos, não houve uma fundamentação para a demissão e que, por isso, iria continuar em funções, saindo apenas com o fim do mandato.

Entretanto, o então diretor executivo do SNS assegurou aos deputados numa audição parlamentar que a administração da Unidade Local de Saúde Almada Seixal “nunca foi demitida” e que terminaria o seu mandato em 31 de dezembro, “tal como estava previsto”.

No mesmo dia, o Conselho de Administração da ULS Almada Seixal emitiu um comunicado a dizer que as declarações do diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde “não correspondem à verdade”.

No comunicado, o Conselho de Administração lamentou “profundamente as afirmações proferidas” e explica que a sua reação surgiu “em defesa da sua honra, dos profissionais desta instituição e dos utentes”.

Além de reafirmar as declarações proferidas em sede parlamentar por Teresa Machado Luciano, o Conselho de Administração adiantou que a demissão foi confirmada pela secretária de Estado da Saúde, Ana Povo, no Telejornal da RTP 1, que atribuiu a responsabilidade da mesma ao diretor executivo, tendo indicado, em primeira mão, o nome da personalidade escolhida para assumir a presidência do futuro CA da ULSAS.

“Não é, portanto, verdade que o senhor diretor executivo do SNS não tenha comunicado verbalmente a demissão deste CA, que tenha dado alguma explicação para este facto, que não tenha solicitado o envio de cartas de rescisão, que tenha reunido com esta administração ou tenha manifestado qualquer intenção de ‘imprimir uma nova dinâmica de funcionamento’”, refere o Conselho de Administração no comunicado.

A Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal (ULSAS) integra o Hospital Garcia de Orta e o Agrupamento de Centros de Saúde de Almada-Seixal, no distrito de Setúbal, dando resposta a 350 mil habitantes.

NR/HN/Lusa

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