Residentes em zonas raianas procuram cada vez mais serviços médicos em Espanha

15 de Fevereiro 2025

Cada vez mais portugueses residentes em zonas próximas a Espanha estão a ir a consultas privadas e a fazer tratamentos médicos do outro lado da fronteira, onde há mais médicos disponíveis e o atendimento é mais rápido.

A falta de médicos, a dificuldade em aceder a consultas de especialidade e a demora em conseguir fazer exames ou tratamentos são os principais motivos que levam os residentes de zonas raianas a procurar assistência médica em Espanha.

Os residentes em Elvas, no distrito de Portalegre, deslocam-se com frequência a Badajoz (Espanha) pelos mais variados motivos e as questões relacionadas com a Saúde não são uma exceção, porque faltam médicos naquela região.

Eurico Branca, residente naquela cidade raiana, situada a poucos quilómetros de Badajoz, disse à Lusa que subscreveu para toda a família, quando a sua filha nasceu, há cerca de dois anos, um seguro de saúde em Portugal, podendo utilizá-lo em Espanha.

“Aqui ao lado [Badajoz] temos pediatras com todas as valências e vamos muito ao estrangeiro. Não tem a ver com a rapidez [facilidade em agendar consultas] é a questão de não existir [pediatras] na zona, a diferença é entre existir serviço e não haver serviço”, disse.

Para Eurico Branca, é um “privilégio” viver ao lado de Espanha e poder utilizar um seguro com uma apólice que inclui a extensão ao estrangeiro.

“Mas, independentemente do seguro, eu ia sempre a Espanha, naturalmente”, sublinhou.

A mais de 300 quilómetros, em Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, o taxista Francisco Marques contou à Lusa que é solicitado para transportar pessoas até uma clínica em Espanha, porque tudo é mais rápido no que diz respeito à realização de exames complementares de diagnóstico ou uma consulta médica.

“O que as pessoas me contam na viagem é que estão mais aflitos e pretendem ter exames médicos mais rápido, bem como uma consulta. Depois de fazerem os exames, trazem-nos ao médico de família, poupando tempo, já que no espaço de uma semana tudo se pode resolver”, explicou.

Este taxista acrescentou ainda que “as pessoas do seu concelho podem andar cerca de 200 quilómetros de táxi para fazer estes exames médicos de forma mais rápida”.

Desde que Celso Alturas, de 36 anos, descobriu a clínica em Xinzo de Limia, em Espanha, a 77 quilómetros da aldeia de Selhariz onde vive, perto de Vidago, no concelho de Chaves, distrito de Vila Real, que ali vai periodicamente fazer um ‘check-up’.

Por cerca de 120 euros faz todas as análises e exames necessários e sem esperas.

Segundo realçou, é precisamente a poupança de tempo a principal motivação para esta deslocação à clínica espanhola. “É tudo feito no mesmo sítio e na mesma hora”, frisou.

NR/HN/Lusa

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Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

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