Projeto nacional deteta bactérias e resistência a antibióticos em 30 minutos

22 de Abril 2025

Um dispositivo portátil para a deteção rápida de bactérias e da resistência a antibióticos está a ser desenvolvido em Portugal por um consórcio que junta entidades públicas e privadas. O equipamento permitirá identificar, a partir de uma simples amostra de urina, a bactéria responsável pela infeção e os genes associados à resistência antimicrobiana, possibilitando a indicação do antibiótico mais adequado para o tratamento.

O novo teste está a ser criado no âmbito do projeto SMARTgNOSTICS e constitui uma alternativa mais rápida aos métodos laboratoriais convencionais, que podem demorar entre dois a três dias a fornecer resultados, no caso das infeções urinárias. Com a nova tecnologia, os resultados estarão disponíveis em apenas 30 minutos, o que permitirá uma atuação médica mais célere e eficaz.

O dispositivo está a ser concebido para utilização em ambulatório, nomeadamente em centros de saúde e serviços de urgência, possibilitando que os profissionais de saúde possam tomar decisões terapêuticas logo na primeira abordagem ao doente. A tecnologia utilizada baseia-se na biologia molecular e recorre a reagentes específicos e a processos de amplificação de ADN para identificar a presença de bactérias e os respetivos mecanismos de resistência.

Através deste teste, será possível determinar não apenas a bactéria presente na amostra, mas também se esta apresenta resistência a determinados antibióticos, orientando de forma precisa a escolha do tratamento mais eficaz e contribuindo para a redução do fenómeno da resistência antimicrobiana (RAM).

O desenvolvimento da investigação deverá estar concluído até ao final do primeiro semestre de 2025, seguindo-se a fase dos ensaios clínicos. A comercialização do dispositivo está prevista para o segundo semestre do ano.

O sistema foi inicialmente desenvolvido para infeções urinárias devido à disponibilidade de dados relativos a bactérias e genes de antibiorresistência associados a este tipo de infeções. No entanto, a tecnologia poderá ser adaptada a outras infeções, como as da pele ou do sistema respiratório. Está também prevista a aplicação futura do teste em contexto veterinário, com a mesma abordagem de deteção de bactérias e genes de resistência, para apoio à prescrição de antibióticos por médicos veterinários.

O consórcio responsável pelo projeto integra o Instituto de Nanotecnologia Ibérico (INL), o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), ligado à Universidade do Porto, a Universidade do Minho, a empresa de robótica e automatização SPMAQ, a farmacêutica Fresenius Kabi, bem como os Institutos Nacionais de Saúde Ricardo Jorge e de Investigação Agrária e Veterinária. A empresa internacional de serviços técnicos e laboratoriais ALS lidera o projeto enquanto promotora da investigação e desenvolvimento.

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