“Há aqui um propósito claro, que esta unidade possa ser uma unidade de referência mundial. Esta é a minha grande expectativa. (…) Esta é uma ação realmente transformadora de uma dimensão material e imaterial”, diz à Lusa o presidente da FMH, Luís Bettencourt Sardinha.
Hoje apresentado pelas 18:00, no salão nobre da FMH, o novo centro, denominado Ativo, localizar-se-á na freguesia da Cruz Quebrada e representa um investimento de cerca de 14 milhões de euros.
O centro tecnológico assenta num edifício com cerca de 6.500 metros quadrados e a instalação de equipamentos e infraestruturas tecnológicas por parte da FMH, em operação financiada pelo Lisboa2030, da própria instituição de ensino e ainda da Câmara de Oeiras.
Para a FMH, diz Bettencourt Sardinha, este “é um projeto há muito ansiado e necessário”, por um lado por requererem o aumento de instalações, por outro pelo histórico “de sucesso no que diz respeito à investigação científica”, permitindo dar seguimento aos vários laboratórios que foram abrindo, além da criação de um novo.
“Havia necessidade de aproveitar esta oportunidade desta candidatura. Primeiro, para ter uma infraestrutura mais moderna. Segundo, para criar um novo laboratório de sistemas biológicos, e que esta interligação toda tivesse aqui um novo conceito à volta do ‘cluster’, o qual está muito orientado, do seu ponto de vista tecnológico, para os ambientes extremos”, explica.
Além de integrar já os diferentes laboratórios, foi adquirido equipamento de última geração que vai permitir “simular diferentes altitudes”, temperaturas e condições de humidade no ar, tudo “de forma integrada”, mas também avaliar o metabolismo de praticantes e procurar respostas e soluções para desafios apresentados quer a atletas de alto rendimento quer a pessoas que o fazem por lazer ou para melhorar a condição física.
“O que é verdade é que há cada vez mais competições desportivas com estes ambientes extremos, e cada vez mais as pessoas, no seu dia-a-dia, na sua prática de atividade desportiva, estão confrontadas também com estas circunstâncias”, acrescenta.
Com o Ativo, cria-se “um novo modus operandi” que levará a “novos produtos” mas também outra articulação com empresas e instituições do setor, como o Comité Olímpico de Portugal (COP) e o Comité Paralímpico de Portugal (CPP), além das federações e outras instâncias europeias e mundiais.
O ‘cluster’ “dá resposta ao facto de, em Portugal, haver ausência de infraestruturas como estas” e permitirá ao alto rendimento ter condições de aclimatação, algo para que muitas vezes recorriam a laboratórios estrangeiros, oferecendo “melhor rendimento com segurança, saúde, e um contributo para o conhecimento científico”.
Com a investigação científica no coração da operação, Luís Bettencourt Sardinha vê esta como “uma ação realmente transformadora, de uma dimensão material e imaterial”, do património edificado à criação de “oportunidades para mais investigadores”.
“Faz-se uma maior ligação entre os utilizadores finais, a economia. (…) [Visa-se] a própria adaptação dos investigadores, para terem uma aproximação menos fechada sobre si, mas trabalhando com colaborações”, refere.
A emergência climática, entretanto, é um dos fatores mais vezes invocados na apresentação do projeto, alinhado com recomendações e práticas europeias nesse sentido, sobretudo na busca de respostas que visem mitigar o impacto das alterações climáticas nas pessoas .
O equipamento fica, de resto, dirigido sobretudo a atletas de alto rendimento e a pessoas com doenças complexas, bem como à terceira idade, militares e demais forças de segurança.
“Existe este propósito de dar resposta a uma falha no ecossistema de ciência quanto à necessidade de enfrentar os desafios da emergência climática e agir com a criação de uma infraestrutura tecnológica dedicada à investigação das condições disruptivas das alterações climáticas no movimento humano”, afirma.
Esta “visão global para a sustentabilidade” vai do desporto à segurança, mas também à transformação digital, foca-se na competitividade da investigação e desenvolvimento, e reunirá quase 200 investigadores, além dos que pretende atrair, inclusivamente de fora do país, com Luís Bettencourt Sardinha a reconhecer o impacto também no tecido económico e social do projeto, para o país e para Oeiras em particular.
lusa/HN
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