No fim desta sessão, realizada no Convento do Beato, em Lisboa, o chefe de Estado anunciou a condecoração póstuma do industrial Alfredo de Sousa, fundador da CUF, com a grã-cruz da Ordem do Infante do Henrique, como “uma maneira de agradecer a todos aqueles, seus descendentes em várias gerações”.
Na sua intervenção, o Presidente da República elogiou este grupo privado, considerando que esteve várias vezes “contra o vento” e que se destacou pelo “espírito de continuidade”, pelo “espírito de antecipação” e pelo “espírito de família”.
“Não é comum num grupo desta dimensão e num grupo que assume, e isso é hoje celebrado nos 80 anos, uma responsabilidade social que é cada vez mais sofisticada e mais difícil”, declarou.
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, “é mais difícil cuidar da saúde hoje do que era há dez anos ou há vinte anos, ou há 30 anos ou há 40 anos ou há 50 anos”, porque “Portugal é outro”.
“É um Portugal mais velho. É um Portugal constituído por muitos que entretanto chegaram que são uma nova realidade incorporada na sociedade portuguesa, mas que implicam mudanças na educação, na cultura, na saúde, na solidariedade social”, descreveu.
“É um Portugal diferente no espaço, naquilo que se esvaziou mal e naquilo que se concentrou por vezes demasiado. Mas é diferente”, prosseguiu.
Segundo o chefe de Estado, “é triplamente difícil”, perante “esse Portugal que se modifica”, construir “soluções diversas, com o mesmo espírito de continuidade, com a mesma capacidade de antecipação e com a mesma unidade familiar”.
Nesta sessão, que contou com a apresentação e moderação da jornalista da SIC Clara de Sousa, também discursou a ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
Sobre a CUF, Marcelo Rebelo de Sousa disse que se “antecipou na rede que foi construindo” de hospitais e clínicas, “fez antes e quis fazer melhor do que outros haveriam fazer, depois, e também tentando fazer o melhor”.
“Até antecipou na vivência das PPP [parcerias público-privadas] no tempo em que faziam sentido e que deixaram de fazer, a não ser, porventura, em projetos completamente novos. Esteve no momento exato, por antecipação, quando era necessário que estivesse. Mesmo contra o vento”, acrescentou.
No seu entender, a CUF “esteve contra o vento, muitas vezes, na Primeira República, esteve contra o vento aqui e ali, no salazarismo, mas esteve, certamente, contra o vento no refazer, na revolução e no pós-revolução”.
À saída do Convento do Beato, o Presidente da República foi questionado pela comunicação social sobre a notícia de que um dermatologista do Hospital Santa Maria recebeu cerca de 400 mil euros em dez dias de trabalho suplementar no ano passado, que recusou comentar.
“Não tenho dados para poder falar”, justificou Marcelo Rebelo de Sousa, que disse não ter visto essa notícia.
“Não tenho noção nenhuma, vou tentar saber”, acrescentou.
lusa/HN
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