“Esforço incrível” dos centros de saúde evitaram hospitais no limite

30 de Junho 2020

A Associação de Medicina Geral e Familiar considera que o “esforço incrível” feito pelos médicos de família e de saúde pública, que controlaram mais de 90% dos casos Covid-19 em casa, evitou que os hospitais atingissem o limite.

Em entrevista à agência Lusa, o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Rui Nogueira, afirmou que entre 90% e 95% dos doentes infetados com o Covid-19 foram vigiados nos cuidados de saúde primários pelos médicos de família e de saúde pública.

“Apenas 5% a 7% dos casos foram socorridos no hospital, metade daquilo que era a expectativa, daí que os nossos hospitais não tivessem sido submetidos à posição extrema de dar resposta porque conseguimos a montante controlar os casos”, afirmou o médico de Medicina Geral e Familiar.

Segundo Rui Nogueira, a pandemia de Covid-19 continua a exigir “um esforço” incrível por parte destes profissionais: “Há cerca de 400 doentes internados, mas nós temos 10 mil em casa a ter que os seguir, a telefonar diariamente para ver o que está a acontecer”.

Tem sido “um esforço incrivelmente grande, valioso”, porque os médicos dos cuidados de saúde primários controlaram as situações benignas sem necessidade de as pessoas recorrerem ao hospital.

Traçando o retrato da pandemia de Covid-19 em Portugal, o médico afirmou que, apesar de ser um “país pequeno, com cerca de 10 milhões de habitantes”, há situações muito diferentes nas sete regiões, defendendo que “qualquer medida tem de contar com esta realidade”

“Nas quatro regiões mais pequenas, com cerca de meio milhão de habitantes cada uma, a situação neste momento está resolvida e podemos até dizer que nem sequer teve uma grande expressão, o que corresponde àquilo que é a realidade desta pandemia que afeta principalmente os grandes aglomerados populacionais”, declarou.

Nas regiões Centro e Norte, adiantou, a “situação está praticamente resolvida” e depois existe “outra realidade” em Lisboa e Vale do Tejo, onde o número de casos tem vindo a aumentar diariamente.

Mas, ressalvou Rui Nogueira, “em nenhum destes casos podemos estar descansados porque temos a dúvida de poder haver uma segunda vaga” e no caso de acontecer “não devemos deixar que sejam pior do que a primeira” e, para isso, o país tem de se preparar para a combater.

“Devemos preparar-nos com realismo e muito rigor para uma eventual segundo vaga. Primeiro com as lições retirada da primeiro vaga e depois com medidas urgentes e rigorosas que têm que ser adotadas”, defendeu.

E, segundo o médico, já foram aprendidas “várias lições” com a pandemia, uma delas é “a rapidez” com que o coronavírus se propaga e a sua agressividade.

“É altamente contagioso e, portanto, temos de ser muito rigorosos logo no início para evitar a rápida propagação do vírus”, disse, considerando que, apesar de Portugal se ter preparado, é dos “países com mais casos ‘per capita’”, mas tem resolvido bem os casos.

Para isso, foi essencial a “atitude dos serviços de saúde”, nomeadamente dos médicos de saúde pública”, que fizeram de “uma forma primorosa as ligações de todos os casos”.

Portugal contabiliza pelo menos 1.568 mortos associados à Covid-19 em 41.912 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

LUSA/HN

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