A Ordem dos Médicos (OM) do Centro afirmou esta sexta-feira que a “excelente resposta” no combate à Covid-19, nos primeiros meses, não foi devida ao Ministério da Saúde ou à Direção-Geral de Saúde, porque “não houve nem organização nem planeamento”.
“Este hospital [Amato Lusitano, em Castelo Branco] esteve à frente. E esteve à frente porquê? Por causa dos seus profissionais. Eu já visitei vários hospitais e a conclusão a que já cheguei é que a excelente resposta que tivemos nestes primeiros meses não foi devida ao trabalho que foi desenvolvido pelo Ministério da Saúde ou pela Direção-Geral de Saúde. Não houve efetivamente, a nível nacional, uma boa organização. Não houve, nem organização, nem planeamento, nem antecipação em relação a absolutamente nada”, afirmou o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes.
Este responsável deslocou-se hoje ao Hospital Amato Lusitano (HAL) de Castelo Branco no âmbito de um conjunto de visitas às unidades de saúde da região, após a fase mais crítica de saúde pública de âmbito global e para avaliar a resposta dada à Covid-19.
“Este hospital, por exemplo, fez um plano de contingência muito antes da própria DGS ter o seu plano. É uma coisa que eu iria classificar de miserável, quando devia ser a DGS a ter um plano para depois poder ser replicado pelas várias instituições hospitalares”, frisou.
Carlos Cortes sublinhou que, apesar de tudo, houve coisas positivas, como, por exemplo, a permissão de maior autonomia aos hospitais.
“Os hospitais puderam passar a contratar mais, puderam gerir o seu orçamento direcionado para a Covid-19. E o que tivemos foram várias respostas locais, vários pequenos SNS que brilharam e que conseguiram colmatar um pouco esta deficiência que existia a nível nacional. E a ULS de Castelo Branco foi precisamente um exemplo de um SNS que brilhou a nível local, através dos seus profissionais”, sustentou.
Carlos Cortes realçou que quando a responsabilidade passa para a tutela, percebe-se que as coisas “já não correm tão bem”.
“O desconfinamento não é da responsabilidade dos hospitais (?). É tratado a outro nível e aqui, mais uma vez, o que constatamos, a própria sociedade percebe que não houve planificação. O desconfinamento não foi planificado, não foi preparado. Não bastava só dizer que as pessoas podiam voltar a ir a rua e ir trabalhar. Era preciso ter isto tudo muito bem preparado”, frisou.
O responsável da OM deixou também uma mensagem de “tranquilidade e segurança” para os doentes do HAL e apelou para que regressem ao hospital, pois a avaliação face à Covid-19 “é francamente positiva”.
LUSA/HN
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