Esta posição foi transmitida por Pedro Filipe Soares no parlamento, depois de o Bloco de Esquerda ter sido recebido pelo Governo, numa delegação encabeçada pelo ministro de Estado e das Finanças, João Leão, sobre as linhas gerais da proposta de Orçamento do Estado para 2022.
Perante os jornalistas, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda começou por contestar declarações proferidas por António Costa, na terça-feira, na Eslovénia, sobre o atual estado das negociações em torno da proposta do executivo de Orçamento para o próximo ano.
“Essa é a veia otimista do primeiro-ministro, porque no que toca a questões concretas ainda há muito trabalho para fazer. Esse otimismo do primeiro-ministro mostrou muitas vezes não ter qualquer adesão à realidade”, declarou.
Na perspetiva do líder parlamentar do Bloco de Esquerda, a reunião de hoje, no contexto em que foi convocada pelo executivo, “não trouxe novidade nenhuma, nem desbloqueou problemas que estão em cima da mesa”.
“Esperamos que nos próximos dias existam outras reuniões que possam ter essa consequência. No que toca às negociações, elas estão ainda muito longe de ter algum sucesso, pelo menos no que respeita ao Bloco de Esquerda”, salientou.
Para Pedro Filipe Soares, é necessário que o otimismo já manifestado pelo líder do executivo “tenha alguma consequência da parte do Governo para que possa ter também alguma consequência na vida das pessoas”.
“O Bloco de Esquerda já identificou matérias importantes para o próximo Orçamento do Estado, em particular na defesa da estabilidade da entrada no trabalho por parte dos jovens, a garantia de direitos laborais – matérias que indicámos como fundamentais -, ou a defesa dos serviços públicos, designadamente na saúde e na educação. Tratam-se de matérias que servem para desbloquear alguns dos pontos que estão neste momento a servir de bloqueio nestas negociações do Orçamento e que esperamos que, mais cedo do que tarde, possam ser resolvidas”, apontou.
Pedro Filipe Soares advertiu depois que encara “com dificuldade algumas intransigências do Governo em matérias já sinalizadas há muito tempo” pela parte do Bloco de Esquerda.
“Essas prioridades sinalizadas pelo Bloco continuam a ter uma parca resposta da parte do Governo. Não temos todo o tempo do mundo, mas temos ainda algum tempo para que o Governo possa rever as suas posições, tendo em vista que exista um Orçamento que corresponda às necessidades do país e, acima de tudo, corresponda a um virar de página da pandemia da Covid-19, numa retoma económica que se quer com direitos e com futuro para os mais jovens”, completou.
Pela parte do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares acentuou que “há toda a disponibilidade” para continuar a negociar com o Governo uma eventual viabilização da proposta de Orçamento.
“Da parte do Governo falta haver um trabalho e uma consequência destas negociações. Pela nossa parte, temos toda a abertura para a qualquer momento nos sentarmos à mesa com o Governo. Sempre o fizemos e os canais de contacto estão mais do que estabelecidos há anos. Está na mão do Governo fazer essa escolha”, sustentou.
Confrontado com a posição do PSD de que este Orçamento está preparado para ser negociado à esquerda, o presidente da bancada bloquista respondeu: “Não há aqui um esquerdómetro para medir o Orçamento do Estado”.
“Não é no esquerdómetro que validamos o Orçamento, mas nas consequências que tem na vida das pessoas. Nesse aspeto, ainda falta caminho para ser um bom Orçamento do Estado”, acrescentou.
LUSA/HN
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