João Lourenço reconheceu que Angola e, de uma forma geral, o continente africano têm beneficiado da solidariedade dos países com maior capacidade, sobretudo de produção e compra de vacinas, que têm, via iniciativa Covax, ou de forma bilateral, doado vacinas.
Porém, no entender do Presidente da República de Angola essa solidariedade deve ir mais longe.
“A solidariedade manifestada até aqui tem-se limitado à doação de vacinas, o que nós consideramos insuficiente. O que nós queremos dizer é que outra forma de manifestação da solidariedade será abrir aos nossos países a possibilidade de nós, com os nossos recursos, adquirirmos as vacinas de que necessitamos. Essa parte está a falhar”, frisou Lourenço.
“Nós estamos a ter imensas dificuldades em ter acesso ao mercado das vacinas. Eu não diria já que devemos ser ajudados no sentido de criarmos capacidade para produção própria das vacinas, porque isso é um processo que leva ao seu tempo – não será com certeza para esta pandemia, talvez para outras futuras, mas o que pretendemos é que nos seja aberta a possibilidade de nós próprios, paralelamente ao que temos recebido gratuitamente, podermos adquirir com recursos nossos as vacinas que deviam estar disponíveis no mercado”, defendeu.
O Presidente angolano falava num debate virtual e gravado com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, que decorreu no âmbito do Fórum Euro-África
Sublinhando que Angola estaria disponível para comprar vacinas contra a Covid-19, o chefe de Estado angolano salientou que o país instalou uma grande capacidade de frio necessária para a conservação dos imunizantes.
“Nós instalamos a nível de todo o país uma capacidade boa de testagem, mas sobretudo uma boa capacidade de frio para a conservação das vacinas”, afirmou.
Segundo João Lourenço, o país tem capacidade de conservar vacinas quer na modalidade de conservação, quer de congelação ou mesmo de ultracongelação.
Assim, tem uma capacidade de armazenagem “no seu conjunto de cerca de 70 milhões de doses de vacinas, concentrada sobretudo na cidade de Luanda”, mas que facilmente podem ser colocadas “em qualquer ponto do país”, realçou.
“Portanto em termos de logística não estamos mal”, concluiu.
O debate entre os Presidentes da República português e angolano, em formato digital, foi o ponto alto da 4.ª edição do Fórum Euro-África, que começou na quarta-feira e terminou hoje, numa iniciativa do Conselho da Diáspora Portuguesa, presidido por António Calçada.
O Conselho da Diáspora Portuguesa é uma rede mundial portuguesa fundada em 2012 e que tem como principal objetivo a valorização da marca, imagem e reputação de Portugal. Atualmente conta com 90 conselheiros, que trabalham em diferentes campos, desde a cultura à economia, passando pela cidadania e ciência.
Estes conselheiros estão espalhados por 27 países, 47 cidades e cinco continentes.
O debate centrou-se na cooperação entre Europa e África, e nas relações económicas entre os dois continentes.
A agenda do fórum incluiu sete painéis: Perspetivas sobre Economia para a Europa e África após o Acordo de Comércio Livre, Trabalho Digital e Plataformas e Tecnologias Digitais, A Revolução da ID Digital, Abrir caminho para o Crescimento Verde e Transições Inclusivas, Cultura e Mercado, e Media e Digitalização.
Entre os oradores estiveram empresários, ativistas, líderes, decisores públicos e privados, e outros agentes que deram o seu contributo para o diálogo entre a África e a Europa.
LUSA/HN
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