Durão Barroso pede solidariedade aos doadores e transparência aos fabricantes de vacinas

18 de Janeiro 2022

O presidente da Aliança Global para as Vacinas (GAVI) pediu na segunda-feira solidariedade aos doadores e transparência aos fabricantes, assinalando a marca de mil milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 distribuídas em 144 países.

“Nós, juntamente com a União Europeia, a AIDVAX e outros parceiros, estamos empenhados em garantir um acesso rápido e equitativo às vacinas de covid-19, ajudando os países a cumprir as suas metas nacionais de vacinação. Mas para atingir essas metas, nomeadamente à luz do surgimento da variante Ómicron, é necessário que os parceiros também nos ajudem”, pediu José Manuel Durão Barroso.

O presidente da GAVI intervinha, por videoconferência a partir de Lisboa, na abertura da primeira Conferência Anual da Política Externa (CAPE), realizada por Cabo Verde, através de um ato presencial na cidade da Praia.

No sábado, Durão Barroso anunciou, na rede social Twitter, que o mecanismo internacional de partilha de vacinas para a Covid-19 Covax atingiu os mil milhões de doses distribuídas em 144 países.

O mesmo responsável voltou a sublinhar esses números, considerando que é fruto de um “esforço notável” dos doadores, apesar de várias dificuldades, mas defendeu que se pode fazer mais.

“Nós podíamos ter distribuído muito mais vacinas se tivesse havido uma maior ajuda por parte de alguns dos nossos parceiros. Os doadores devem observar os princípios da nossa intervenção conjunta sobre doações de doses, em particular garantir que as doações tenham pelo menos 10 semanas de vida útil, e venham com acessórios como seringas, diluente e também custos de frete incluídos”, sugeriu.

Quanto aos fabricantes das vacinas, disse que devem observar a transparência nos cronogramas de entrega e priorizar a Covax sobre negócios bilaterais, garantindo um fornecimento estável e previsível.

Durão Barroso deixou ainda uma mensagem também para os países beneficiários, afirmando que devem preparar-se para a implementação em larga escala, fazendo uso de todo o financiamento e apoio disponíveis, incluindo do Banco Mundial ou outros bancos multilaterais de desenvolvimento.

Para o presidente da GAVI, os países devem evitar “toda a complacência”, alertando que a pandemia da Covid-19, que já provocou a morte de mais de cinco milhões de pessoas em todo o mundo, ainda não acabou.

“A palavra de ordem é evitar complacência, não diminuir a vigilância – ninguém está a salvo até todos estarmos a salvo – não baixar a guarda, ainda há muito que fazer ao nível nacional e global”, afirmou, alertando para a possibilidade de haver novas variantes da infeção.

Durão Barroso voltou a destacar a “resposta rápida” com a produção de vacinas, mas também a criticar a “resposta desigual” no acesso às mesmas, predominando a “injustiça”, com muitas vacinas a chegarem a países mais ricos, mas não ao mesmo nível a países vulneráveis.

O mecanismo internacional de acesso equitativo à vacina Covax é coliderado pela GAVI, pela Organização Mundial da Saúde e pela Coligação para a Inovação na Preparação para Epidemias.

O sistema Covax foi criado numa tentativa de impedir que os países ricos monopolizassem o acesso às vacinas, que ainda estão a ser produzidas em quantidades demasiado pequenas para satisfazer a procura global.

O Governo cabo-verdiano instituiu a Conferência Anual da Política Externa (CAPE) para discutir questões pertinentes à política externa e à diplomacia do país.

A conferência inaugural, que acontece em formato híbrido (presencial e virtual), teve a abertura do Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, enquanto o encerramento, esta terça-feira, caberá ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.

Os “Desafios da diplomacia cabo-verdiana face à pandemia de covid-19” é o tema do evento, que teve ainda como orador convidado Courtenay Ratray, subsecretário-geral da ONU e Alto Representante para os Países Menos Avançados, Encravados e Pequenos Estados insulares em Desenvolvimento.

A conferência vai contar ainda com intervenções de diplomatas, políticos, o presidente da Plataforma das Organizações não-governamentais (ONG) e investigadores do país e da diáspora.

LUSA/HN

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