O regresso às salas de aula não foi, porém, uniforme no país, uma vez que em muitas partes da África do Sul as escolas ainda não estão preparadas ou encontraram resistência por parte dos sindicatos de professores e dos pais, por não conseguirem assegurar uma distância segura, nem a proteção adequada para professores e alunos, ou mesmo por falta de água corrente.
Apesar disto, o Governo afirmou este domingo, através do porta-voz do Ministério da Educação Básica, Elijah Mhlanga, que o sistema educativo está “pronto” a acolher todos os estudantes.
Várias províncias e centros educacionais do país estão a adaptar estratégias de acordo com os seus meios. Assim, há escolas que optaram por dividir as aulas e aplicar a frequência rotativa dos alunos, recomendando que fiquem em casa apenas os estudantes para os quais o regresso às aulas represente riscos para a sua saúde.
Entre as medidas que se repetem nos estabelecimentos de ensino estão o uso obrigatório de máscaras ao longo do dia, operações adicionais de limpeza e desinfeção de escolas, medição da temperatura corporal ou o desenvolvimento de turnos reduzidos sem atividades extracurriculares.
A África do Sul está assim a tentar salvar um ano atormentado por perturbações que expuseram as deficiências do seu sistema educativo e a tremenda desigualdade ainda presente entre diferentes setores da sociedade, uma herança por resolver do regime do ‘apartheid’ que vigorou no país (1948-1990).
O curso educacional foi interrompido pela primeira vez, em meados de março, poucos dias antes do Governo do Presidente Cyril Ramaphosa decretar um rigoroso confinamento geral, que foi mantido, com muito poucas modificações, até ao início de junho.
Em junho, as aulas deveriam recomeçar, mas o regresso dos alunos à escola foi atrasado pela evidente falta de recursos e, mal tinha sido implementado quando, em julho, devido à rápida escalada dos casos de covid-19 em todo o país, o executivo optou por encerrar novamente as escolas públicas.
Assim, apenas os estudantes do final do ensino secundário regressaram às aulas antes desta segunda-feira, para que pudessem começar a preparar-se para os exames de acesso à universidade.
Perante estes problemas, as escolas privadas implementaram as suas próprias estratégias, continuando o seu ensino online, algo que não é possível para uma boa parte das escolas públicas da África do Sul, que são responsáveis por quase todo o corpo estudantil.
O regresso à escola na África do Sul foi tornado possível porque as autoridades sanitárias acreditam que o país já ultrapassou o pico da e da pandemia e está em fase descendente.
No entanto, os receios de uma nova onda de infeções ainda estão muito vivos.
Com 609.773 casos e 13.059 mortes por covid-19, a África do Sul é responsável por mais de metade de todas as infeções em África e é a quinta nação mais afetada do mundo pela pandemia.
Na passada quinta-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) recordou que o encerramento prolongado de escolas na África subsariana não só tem um impacto educacional, como também aumenta os riscos de crianças com problemas como fome, violência, exposição a drogas e gravidez na adolescência, ansiedade e isolamento.
A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 805 mil mortos e infetou mais de 23 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em África, há 27.779 mortos confirmados e mais de 1,2 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
LUSA/HN
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