O responsável do CRI-MCF disse à Lusa que, com uma reorganização da atividade médica e assistencial e mais equipamento e meios humanos, além de melhores instalações, o centro pretende chegar a todas as grávidas na ecografia do 1º trimestre, que considera “crucial para determinar riscos durante a gravidez”.
“A ecografia do 1.º trimestre é crucial para determinar riscos durante a gravidez, para serem essas as grávidas que depois queremos vigiar cá. As outras serão seguidas nos cuidados de saúde primários”, disse o médico obstetra Álvaro Cohen.
As grávidas seguidas nos cuidados de saúde primários só voltarão à MAC pelas 38 semanas de gestação, para acompanhamento final da gravidez, caso até lá não surjam problemas clínicos.
Segundo o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC), será garantida no CRI-MCF a vigilância durante a gravidez a todas as grávidas que apresentem risco aumentado de patologia materna e fetal, quer pertençam ou não à área de influência deste centro hospitalar.
“Pretende ser referência nacional para situações de patologia fetal, o que quer dizer que as situações mais complicadas que exigem cirurgia e intervenção são feitas cá”, disse à Lusa Álvaro Cohen.
“Obviamente que temos de reorganizar o nosso trabalho no sentido de ter disponibilidade para, de um dia para o outro, receber estas grávidas, que vêm de todo o país”, adiantou.
O responsável considerou ainda que centros como este podem ser um sinal positivo para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), “que está há anos numa autêntica agonia, a ver partir profissionais que acabam de fazer a especialidade”.
“Pode ser uma pedrada no charco, mudar o paradigma, ao criar condições, dando-lhes capacidade para investigar – no próprio CRI está previsto que os médicos vão ter tempo para investigação – para além da atividade assistencial. Isto tem de ser gerido e a mudança deste paradigma é importante”, disse Álvaro Cohen, sublinhando que “caso resulte, os CRI podem ser um embrião daquilo que pode ser um novo paradigma na fixação de médicos no SNS”.
A criação do CRI-MCF fica associada a um aumento da capacidade instalada (mais gabinetes de consulta e abertura de um bloco de exames) e dos recursos humanos, bem como à remodelação e melhoramento do espaço físico onde funcionou o Centro de Diagnóstico Pré-Natal, reconhecido pela Direção Geral da Saúde como um centro de referência nacional de Cirurgia Fetal.
Em comunicado, o CHULC acrescenta que o CRI será equipado com “ecógrafos de última geração e alta definição, que darão a possibilidade de criar, a par da diferenciação assistencial, uma academia de formação europeia de Medicina e Cirurgia Fetal”.
Segundo o centro hospitalar, o CRI-MAC pretende reforçar a resposta a nível nacional e, a curto prazo, apresentar candidatura a centro de referência europeu em Diagnóstico Pré-natal e Terapia Fetal.
“Uma das grandes vertentes é ter de dar resposta a todo o tipo de patologias, porque senão os casais podem recorrer a outro tipo de instituições no estrangeiro que o façam, sendo o SNS obrigado a financiar essas deslocações, esses tratamentos”, explicou o responsável do CRI-MAC.
“Podemos mesmo ir buscar a outros países pacientes que queiram ser tratados nestes centros porque, depois, são os resultados e as taxas de sucesso que ditam a procura a nível europeu”, acrescentou.
A equipa CRI-MCF funcionará no horário das 8:00 às 18:00, de 2ª a 6ª feira, e dará resposta a urgências, fora deste horário, todos os dias úteis e fins de semana.
LUSA/HN
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