Estudo indica taxas de contágio de crianças em campos de férias muito inferior à média

26 de Agosto 2020

A taxa de contágio de Covid-19 em crianças em campos de férias é muito inferior à média, com uma taxa de transmissibilidade (Rt) do vírus de 0,3, enquanto em populações vizinhas a média é de entre 1,7 e 2.

Os resultados fazem parte de um estudo, divulgado hoje, denominado “Kids Corona”, do Hospital “Sant Joan de Deu”, de Barcelona, no qual participaram mais de 1.900 pessoas, entre crianças e monitores dos acampamentos de verão da área de Barcelona.

Durante as cinco semanas do estudo os investigadores detetaram um total de 39 novos casos de coronavírus, 30 deles em crianças que tiveram um total de 253 contactos, dos quais só houve transmissão em 12 casos.

Os autores do estudo disseram, citados pela agência espanhola EFE, que os resultados do mesmo não são, no entanto, “diretamente extrapoláveis” para o ambiente escolar, porque as atividades dos campos de férias fazem-se na maior parte das vezes ao ar livre e em grupos de menos de 10 crianças.

“As crianças têm a capacidade de se infetar, agora vimos que têm a capacidade de transmitir, mas se fizermos as coisas com uma série de estratégias provavelmente a abertura das escolas não será transcendente, e podemos abri-las com segurança e com taxas de infeção e transmissão o mais baixas possível”, disse Iolanda Jordan, uma das autoras do estudo.

Com base nos dados recolhidos no estudo os autores disseram que se pode deduzir que o fator R é “seis vezes inferior” nos campos de férias do que na população em geral.

Do estudo também se conclui, segundo os autores do mesmo, que as crianças com menos de 12 anos têm a mesma capacidade de transmitir a doença que os que têm idades entre os 13 e os 17 anos.

A monitorização das crianças fez-se mediante provas de saliva, uma decisão justificada com o facto de serem menos incómodas do que as nasofaríngeas e serem igualmente fiáveis.

O estudo também certificou a validade de duas das medidas de prevenção que se pretendem implementar nas escolas no início das aulas em setembro, os chamados “grupos bolha” (grupos de crianças que só se relacionam entre eles e não com o resto da escola) e a lavagem das mãos.

Os autores do estudo assinalaram que os “grupos bolha” “muito provavelmente” levaram às taxas tão baixas de transmissão, e que nos campos de férias em que a lavagem de mãos era frequente (mais de cinco vezes por dia) as taxas de infeção eram “nulas” ou as mais baixas registadas.

A conselheira para a Saúde, Alba Vergés, disse na apresentação do estudo que este pode ajudar na tomada de “decisões rigorosas” para o início do ano letivo e abertura das escolas.

Os resultados do estudo estão ainda dependentes de testes serológicos que foram feitos e que podem levar a alguma variação.

A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 820 mil mortos e infetou mais de 23,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

LUSA/HN

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