Os dados são da administração do Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga (CHEDV), que gere a referida unidade da Feira e também os hospitais de Oliveira de Azeméis e São João da Madeira, num universo global de aproximadamente 350.000 utentes desses e de outros concelhos da zona norte do distrito de Aveiro.
Realçando que o AVC “representa a principal causa de morte e de incapacidade em Portugal, tendo um impacto humano de enorme magnitude e consequências económicas muito elevadas”, fonte oficial do centro hospitalar faz à Lusa o balanço da atividade da Consulta de Doenças Vasculares Cerebrais, que hoje assinala uma década de atividade.
“No total destes 10 anos, estimamos que tenham sido realizadas mais de 6000 consultas a doentes com AVC. São observados cerca de 450 doentes por ano, com uma notória evidência de crescimento anual”, revela.
A equipa responsável pela Consulta de Doenças Vasculares Cerebrais é multidisciplinar e envolve dezenas de profissionais, sendo constituída por cinco médicos e quatro enfermeiros.
Na mesma deslocação ao hospital, o sobrevivente de AVC recebe “uma avaliação por Enfermagem de Reabilitação, consulta de Neurologia e consulta de Medicina Física e Reabilitação”. Cada doente “é avaliado de uma forma global e completa, incluindo desde a investigação etiológica do AVC e o tratamento – com medidas de prevenção secundária e estratégias de mudança de hábitos e estilos de vida – até à reabilitação pós-AVC”, refere.
Em termos de Medicina Física e de Reabilitação, o primeiro contacto com o utente é realizado nas primeiras 48 a 72 horas após o AVC e “a grande maioria dos doentes inicia logo nesta fase um plano precoce de reabilitação individual, que é assim potenciador de melhor prognóstico clínico-funcional”.
Os cuidadores do sobrevivente são sempre incluídos no processo: “A discussão de todos estes aspetos é privilegiada com o doente e a sua família, numa atitude de partilha de informação e decisão de consenso”, disse a fonte.
Quanto à tendência para mais casos de AVC em cada ano, o CHEDV identifica-a com base nos registos mais recentes. Em 2020, por exemplo, o Hospital da Feira atendeu 580 doentes, mas em 2021 o número aumentou para 643.
Nesse universo de utentes, a diferença entre homens e mulheres vai-se esbatendo, com eles a representarem 52% dos atendimentos e elas 48%.
O internamento hospitalar “tem uma mediana de sete dias”, período após o qual 70% dos doentes têm alta para regressar a casa e 25% são encaminhados para unidades de reabilitação especializada.
Seja o sobrevivente conduzido para o domicílio ou para estabelecimento médico, à data da alta recebe sempre um relatório clínico-funcional que indica, por exemplo, “sequelas que persistem ao nível motor, cognitivo, de linguagem e deglutição, assim como distúrbios da perceção visual-espacial, alterações vesico-esfincterianas e do tónus”. Alguns utentes podem, por isso, ser “referenciados para outras consultas, como as de Disfagia, Reeducação do Pavimento Pélvico e Toxina Botulínica”.
Para a equipa envolvida na Consulta de Doenças Vasculares Cerebrais, os níveis de recuperação e a qualidade da mesma têm sido positivos, permitindo à fonte da administração do hospital garantir: “É com muita satisfação que os serviços de Neurologia e de Medicina Física e Reabilitação do CHEDV celebram os 10 anos da Consulta de Doenças Vasculares Cerebrais, que deixa todos os profissionais que nela participam plenos de orgulho. Seguimos confiantes e cientes das vidas que mudámos, que continuamos a mudar agora e que mudaremos no futuro, num verdadeiro espírito de equipa e coesão”.
LUSA/HN
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