“O Facebook bloqueou o meu ‘streaming’ até 08 de setembro”, escreveu Alain Cocq, 57 anos, na sua página pessoal naquela rede social, exortando os seus seguidores a reclamarem desta decisão da empresa norte-americana junto do Presidente francês, Emmanuel Macron, e de outras autoridades francesas e europeias.
Quando anunciou as suas intenções, Alain Cocq, que não tem autorização para uma morte assistida, ressalvou na sua página pessoal no Facebook que, apesar de a transmissão não incluir imagens violentas, era preferível que os menores de 16 anos não assistissem.
Em declarações à emissora France Info, um porta-voz da empresa norte-americana disse que, embora respeite a decisão de Alain Cocq de “querer chamar a atenção para uma questão complexa”, o Facebook teve de tomar medidas para evitar a transmissão, porque as regras da rede social “não permitem representar tentativas de suicídio”.
O caso de Alain Cocq tem conhecido uma forte mediatização em França desde que o doente pediu a intervenção de Emmanuel Macron para que autorizasse um médico a prescrever-lhe um barbitúrico que lhe permitisse “partir em paz”.
“Porque não estou acima das leis, não estou em condições de aceder ao seu pedido”, respondeu-lhe Macron numa carta datada de quinta-feira.
“O seu desejo é pedir uma ajuda ativa para morrer, que atualmente não é autorizada no nosso país”, acrescentou o Presidente francês, manifestando, contudo, o seu “apoio pessoal” e “profundo respeito” por Alain Cocq.
A lei Claeys-Léonetti sobre o fim da vida, adotada em França em 2016, autoriza a sedação profunda, mas apenas em pessoas cujo prognóstico vital esteja em risco “a curto prazo”.
Alain Cocq, que diz estar “em fase final há 34 anos” devido a uma doença degenerativa incapacitante, não pode demonstrar que a sua vida vai terminar em breve.
Ativista da “morte com dignidade”, Cocq já fez várias viagens pela Europa em cadeira de rodas para promover a sua causa, e pediu ajuda a Macron num telefonema, a 25 de julho, com uma conselheira da Presidência.
Alain Cocq decidiu “deixar-se morrer”, deixando de ingerir alimentos, líquidos ou medicamentos, com exceção de analgésicos.
“Decidi dizer ‘stop’. Pouco a pouco, todos os órgãos vitais serão afetados”, explicou esta semana à agência France Presse (AFP), acrescentando que, no estado atual, está a tomar o máximo de morfina possível para combater dores constantes.
Alain Cocq sofre de uma doença degenerativa extremamente rara que faz com que as paredes das artérias se colem, originando uma isquemia (suspensão da circulação do sangue num tecido ou órgão).
LUSA/HN
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