Com vista para o palco “25 de Abril” da 44ª edição da festa político-cultural comunista, na Quinta da Atalaia, no Seixal (Setúbal), a “Cidade da Juventude” é o ponto de encontro para vários militantes da Juventude Comunista Portuguesa (JCP), este ano também adaptada às restrições sanitárias devido à pandemia de covid-19.
“Acho que há quem procure muito vender o partido como um partido de velhos”, disse à Lusa Francisco Araújo, 21 anos, estudante em Economia e militante da JCP há cinco anos.
Acompanhado por Matilde Ferreira, 19 anos, estudante em Estudos Artísticos e militante há seis, ambos fizeram questão de sublinhar as constantes ações de campanha da juventude e do PCP em escolas, faculdades e postos de trabalho, fator que contribuiu para uma “renovação de gerações”.
“Temos aqui sempre uma constante renovação de gerações, que vai permitindo sempre, tanto à JCP como ao partido, a luta e a constante afirmação da defesa dos trabalhadores”, completou Matilde.
A 44.ª Festa do Avante! foi marcada este ano pela polémica, devido ao contexto pandémico causado pela covid-19, tendo recebido críticas também entre os mais jovens, chegando a Juventude Social-Democrata (JSD) e a Juventude Popular (JP) a afixar cartazes nas imediações do recinto, no Seixal, como forma de protesto.
Apesar de toda a polémica, Jorge Vieira, 26 anos, contabilista certificado e militante há cerca de um ano e meio, disse ter sentido na montagem da festa “um grande respeito, uma grande coesão”, apontando o uso de máscara e a desinfeção constante como “fatores essenciais” para que tudo corresse bem, “apesar de todas as limitações” sentidas este ano.
Pouco tempo antes de entrar no seu turno de trabalho, Catarina Graça, 24 anos, estudante em Som e Imagem e militante há cerca de nove anos, confessou que está pela primeira vez a construir a festa onde passou voluntariamente vários dias desde julho.
“Este ano viu-se mesmo a necessidade que nós temos do partido e da JCP, a fácil mobilização das pessoas, e é um espírito muito grande de camaradagem na construção, onde nunca somos obrigados a nada, toda a gente nos respeita, temos espaço para tudo. O espírito, mesmo num ano em que tivemos tantas condicionantes, o espírito de camaradagem e de luta mantêm-se”, adiantou.
A força política mais antiga do país, que passou pela clandestinidade e esteve na frente da luta contra o regime do Estado Novo, pode estar perto dos 100 anos de existência, mas estes jovens garantem que “o futuro tem partido”.
Na “Cidade da Juventude” há um espaço dedicado ao centenário do PCP, que se celebra em 2021, com um apelo deixado a quem passa escrito nas paredes: “O futuro tem partido”.
“O PCP é um partido com quase 100 anos, mas tem das ideias mais jovens que há neste mundo: a defesa da educação do homem, de cumprirmos com os nossos sonhos, de sermos felizes, no fundo é isso o que também me move, este ideal, esta convicção de que a gente poderá ter uma vida melhor um dia e é isso que me faz vir à festa do Avante! e ser militante da JCP”, sintetizou Simão Calisto, 22 anos, militante há cinco.
LUSA/HN
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