“Não há desculpas para um Serviço Nacional de Saúde (SNS) cada vez mais de portas fechadas, com serviços de urgência a encerrar a torto e a direito, ora no período noturno, ora aos fins de semana, em que os mapas das urgências mais parecem coloridos calendários escolares, em que grávidas e crianças são obrigadas a percorrer dezenas e às vezes mesmo mais de 100 quilómetros se tiverem uma situação a necessitar de cuidados hospitalares urgentes”, criticou o deputado do PSD Rui Cristina, numa declaração política em plenário.
O social-democrata falou em pré-colapso do SNS e acusou o PS de ser “o grande responsável” pelo “estado deplorável em que se encontra” este setor, dando exemplos de propostas alternativas apresentadas pelo PSD e ‘chumbadas’ pelos socialistas, como o aumento da cobertura de médicos de família pelo recurso a médicos dos setores social e privado.
“O PSD está bem ciente da sua responsabilidade de construir um novo caminho para o SNS que coloque as pessoas acima dos interesses e das ficções políticas e aproveite, de uma vez por todas, a restante capacidade instalada no sistema de saúde, ao mesmo tempo que saiba efetivamente valorizar e reconhecer os profissionais de saúde”, apelou Rui Cristina.
Na resposta pela bancada do PS, o deputado Luís Soares acusou o PS de “três truques”.
“Primeiro, que a culpa é do PS e nesse estamos de acordo. Tudo o que se passou desde ’75 no SNS e que é bom, é da responsabilidade do PS, fomos nós que o construímos com o voto contra do PSD”, disse.
O deputado socialista contrariou ainda a ideia de que o PS estaria a destruir o SNS, contrapondo, a propósito da reorganização das urgências, que o Governo está “a reformar, dar segurança, dar estabilidade”.
“Hoje não há uma única falha nas urgências de ginecologia (…) Daqui a um tempo estaremos a discutir se o plano para as urgências pediátricas não terá resultados”, anteviu.
Em terceiro lugar, o deputado do PS deixou a garantia de que o partido votará sempre contra propostas do PSD que visem “desistir do sistema público e entregá-lo a privados”, com Rui Cristina a contrapor que o que defendem os sociais-democratas é uma articulação entre os vários setores.
PCP e BE questionaram a legitimidade do PSD para fazer críticas ao atual SNS, com o líder parlamentar bloquista Pedro Filipe Soares a sublinhar que o partido votou contra as valorizações das carreiras dos profissionais de saúde quando o PS não tinha maioria absoluta.
“Agora viu a luz e reconhece que o que chumbou era o que os profissionais precisavam?”, questionou.
Na mesma linha, o deputado comunista João Dias considerou que “sempre que o PSD fala na defesa do SNS até deveria pedir licença”, defendendo que a solução passa pela melhoria das condições laborais dos profissionais.
Pelo Chega, o deputado Pedro Frazão considerou que se vive “uma tempestade perfeita no SNS” e apontou responsabilidades diretas ao primeiro-ministro, António Costa.
Joana Cordeiro, deputada do IL, defendeu as virtudes do SNS, mas lamentou que o sistema não se tenha sabido adaptar, e apelando a que não continue “a insistir nas soluções do passado”.
LUSA/HN
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