A queixa-crime deu entrada no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora e várias cópias seguiram para entidades do setor da saúde, entre as quais a OM, indicou hoje à agência Lusa a advogada da família, Carla Cardoso Cabanas.
Contactada pela Lusa, fonte da OM limitou-se a confirmar que o Conselho Disciplinar Regional do Sul da Ordem dos Médicos iniciou um “processo de averiguação” sobre o caso, na sequência de uma queixa apresentada pela família.
Segundo a advogada Carla Cardoso Cabanas, a OM já notificou a família de que foi instaurado um processo de averiguação.
Além da OM, adiantou, as cópias da queixa-crime foram também enviadas para a administração do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
Questionada pela Lusa, fonte do Gabinete de Comunicação e Marketing do HESE revelou que a unidade hospitalar, face a uma reclamação apresentada pelo filho da doente, também iniciou um processo de inquérito interno, que se encontra ainda a decorrer.
A mesma fonte assinalou igualmente que o hospital de Évora teve conhecimento do processo de averiguação sumária da OM pela própria Ordem no dia 19 de abril.
“Tendo em conta que estão a decorrer ainda todos os processos, aguardamos as conclusões, sendo prematuro avançar qualquer outra informação”, acrescentou.
A doente com cancro no esófago, de 45 anos, morreu no dia 31 de outubro de 2022, no HESE.
Nas declarações à Lusa, a advogada Carla Cardoso Cabanas disse que a queixa no DIAP de Évora corre contra quatro médicas que assistiram a doente no hospital alentejano por negligência médica.
“Quando foi feito o diagnóstico, percebeu-se que o tumor já estava num estado avançado e foi pedido um exame muito específico, uma PET” (tomografia por emissão de positrões), e, entre a chegada do resultado deste exames e a sua análise, passaram-se “cerca de três semanas”, salientou.
Esta demora, na opinião da advogada, terá acontecido por a médica oncologista se ter ausentado do hospital e por “nem ela nem ninguém” na unidade hospitalar ter analisado o resultado da PET.
“Posteriormente, é sugerida uma intervenção para permitir que a doente se alimente, mantendo, assim, as suas defesas, mas a médica disse que achava que não era necessário e só pediu este procedimento mais de um mês depois”, referiu.
Assinalando que a doente “esteve cerca de dois meses sem se conseguir alimentar”, Carla Cardoso Cabanas realçou que, quando os médicos criaram “um acesso direto ao estômago”, a intervenção “correu mal” e a mulher teve de ser operada três vezes.
Estas três cirurgias, sublinhou, “não teriam sido necessárias caso tivesse sido colocada a PEG [gastrostomia endoscópica percutânea] no momento em que veio o resultado da PET”.
A doente “apenas conseguiu iniciar a quimioterapia no final de agosto” de 2022, cerca de três meses após o diagnóstico, acrescentou.
LUSA/HN
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