Pizarro defendeu uma vez mais que Portugal precisa de uma “profunda reforma dos serviços de urgência”. “E, sim, não tenho nenhuma dúvida que o que está em causa é criar boas alternativas que os doentes valorizem”, disse o ministro, que admitiu que “isso será, evidentemente, mais difícil quando não temos plena cobertura pelos cuidados de saúde primários”, mas recordou que onde há essa resposta a corrida às urgências continua a ser um problema. “Há um trabalho que temos que fazer coletivamente”, sublinhou. De acordo com o ministro, a criação de 250 USF modelo B em janeiro de 2024 permitirá atribuir médico de família a mais 200 a 300 mil portugueses.
“As urgências do Serviço Nacional de Saúde, entre horário de trabalho dos médicos, horas extraordinárias dos médicos e prestação de serviços, consomem um pouco mais de 18 milhões horas de trabalho, e isso deve merecer uma preocupação em matéria de reorganização dos serviços”, alertou Pizarro. “Nós não podemos continuar a viver num sistema que está baseado na multiplicação de horas extraordinárias dos profissionais, em geral, e dos médicos, em particular”, reconheceu.
Segundo o ministro, “temos que criar um modelo onde o recurso à urgência esteja reservado para as pessoas que efetivamente precisam do serviço de urgência”.
Por outro lado, Pizarro apresentou a solução de a “porta do acesso ao SNS” ser regulada pelo SNS 24, valorizar o atendimento nos cuidados de saúde primários e reorientar a procura. Esta última medida tem sido testada nos concelhos da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde – “com um grande sucesso, que esperamos que seja agora ampliado”, afirmou o ministro.
“O Governo parece que culpa todos, utentes, médicos, sem resolver o problema, e a única solução que tem é encerrar”, disse Isabel Pires, do Bloco de Esquerda, sobre as urgências.
Para o deputado Miguel Santos, do PSD, as respostas do ministro não foram satisfatórios e o responsável não conseguirá dar respostas enquanto a guerra com os profissionais de saúde se mantiver.
Isabel Pires concordou que o Governo continua em guerra com os profissionais de saúde, acrescentando que “continua a estar em guerra com vários profissionais dos serviços públicos”. “O maior inimigo do SNS, neste momento, está mesmo a ser o Governo”, referiu ainda.
HN/RA
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