Filomena Martins Pereira, vice-diretora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) de Lisboa, falava à agência Lusa a propósito do encontro que decorre quarta-feira nesta instituição sobre o tema “Saúde global – o impacto na saúde pública”.
“Estas infeções há muitos anos que aparecem e são conhecidas, principalmente nestes países tropicais. Tendo em conta as alterações climáticas, elas estão condenadas a aumentar e sobretudo a espalhar-se por outros cantos do mundo” disse.
A especialista recordou que “não é em vão” que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a eventualidade da Europa ter surtos de dengue.
“Atrás do dengue pode vir a malária, o chikungunya, podem vir todas as infeções ocasionadas por estes mosquitos que gostam de temperaturas quentes”, referiu.
Segundo esta médica, “quanto maiores as temperaturas mais quentes, mais estes mosquitos existem, mais ficam infetados, mais se propagam”.
“Isto das doenças transmitidas pelos vetores tem a ver com os vetores, que neste caso são os mosquitos, que se dão bem com as temperaturas quentes e que se espalham à medida que as alterações climáticas se vão dando e as estações quentes se vão prolongando”, prosseguiu.
Em Portugal, no âmbito de um projeto que convida os cidadãos a entregarem mosquitos que encontrem, foi identificado o mosquito ‘aedes albopictus’, que pode transmitir zika, dengue e chikungunya.
Cabo Verde enfrenta atualmente um ressurgimento do dengue, desde 08 de novembro.
Questionada sobre o que se pode fazer para travar esta propagação, Filomena Martins Pereira disse acreditar que, a nível da saúde pública europeia, estão a ser elaborados planos de contingência.
A especialista indicou que existem hoje várias ferramentas de prevenção e combate à malária e que a luta contra o dengue já conta com uma vacina. O zika apresenta mais dificuldades por ser um vírus, contra o qual ainda não há vacina nem tratamento.
LUSA/HN
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