57% dos portugueses considera que o vírus dificultou acesso aos cuidados de saúde

29 de Setembro 2020

Mais de metade dos portugueses (57%) considera que a pandemia dificultou o seu acesso aos cuidados de saúde, sendo a população mais idosa (69%) e os doentes crónicos (70%) quem mais manifesta esta dificuldade, revela um estudo esta terça-feira divulgado.

Os dados do estudo “Acesso a cuidados de saúde em tempos de pandemia”, realizado pela GFK Metris e apresentado hoje na Ordem dos Médicos, referem que esta situação resulta de “uma experiência efetiva”: 692 mil portugueses não realizaram as consultas médicas que estavam marcadas.

“A quase totalidade das consultas não realizadas foram canceladas pelas unidades de saúde”, refere o estudo promovido pelo “Movimento Saúde em Dia – Não Mascare a Sua Saúde”, uma iniciativa da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) e da Ordem dos Médicos (OM).

O estudo visou auscultar as opiniões e captar as perceções dos portugueses sobre a pandemia Covid-19 e o seu impacto no acesso a cuidados de saúde, tendo sido realizado com base em questionários presenciais, entre 28 de agosto e 07 de setembro, com uma amostra representativa da população portuguesa, constituída por mais de mil pessoas maiores de 18 anos residentes em Portugal Continental.

Segundo o inquérito, cerca de dois milhões de portugueses tiveram algum ato médico marcado durante a pandemia (março a agosto), a maioria (89%) consultas, enquanto 23% tinham exames, 5% uma cirurgia programada e 3% internamento.

“Embora a maioria dos 664 mil portugueses que se sentiram doentes durante a pandemia – 454 mil, ou seja, 69% – tenha recorrido aos cuidados de saúde, três em cada 10 (210 mil ou 31%) não o fizeram”, referem os autores do estudo em comunicado.

Cerca de 40% dos inquiridos diz que recorreria de certeza a cuidados de saúde durante a pandemia em caso de necessidade, 35% afirma que só recorria se a situação fosse grave e mais de 22% refere que “provavelmente recorreria”.

Metade dos participantes refere que se sente seguro e confortável no acesso a cuidados de saúde. Quem sente insegurança, aponta o receio de contágio como principal motivo para evitar uma ida ao médico.

O estudo também quis perceber de que forma os portugueses aceitaram a telemedicina, tendo concluído que 775 mil tiveram uma consulta médica por este meio, com 90% a realizá-la.

“No entanto, em 95% destes casos as consultas foram feitas por telefone, não configurando uma efetiva consulta de telemedicina – menos de 5% dessas teleconsultas envolveram transmissão de imagem”, salienta o estudo.

Sublinha ainda que, “apesar de a experiência ter sido considerada muito satisfatória, a verdade é que dois terços não gostariam de voltar a ter esta solução em nenhuma situação ou só em casos muitos excecionais”.

Para outro terço, a teleconsulta só poderia ser uma opção em algumas consultas. Só 2% das pessoas gostariam de manter a teleconsulta em todas ou quase todas as ocasiões.

O Movimento Saúde em Dia foi lançado no início de setembro pela OM e pela APAH, em parceria com a Roche, com o objetivo de alertar a população para “a importância de estar atenta a sintomas e sinais que precisem de observação médica, mas sem esquecer também as regras já conhecidas para combater a pandemia”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Consumo de droga em Lisboa aumentou e de forma desorganizada

Uma técnica de uma organização não-governamental (ONG), que presta assistência a toxicodependentes, considerou hoje que o consumo na cidade de Lisboa está a aumentar e de forma desorganizada, com situações de recaída de pessoas que já tinham alguma estabilidade.

Moçambique regista cerca de 25 mil casos de cancro anualmente

Moçambique regista anualmente cerca de 25 mil casos de diferentes tipos de cancro, dos quais 17 mil resultam em óbitos, estimaram hoje as autoridades de saúde, apontando a falta de profissionais qualificados como principal dificuldade.

Ana Povo e Francisco Nuno Rocha Gonçalves: secretários de estados da saúde

O XXV Governo Constitucional de Portugal, liderado pelo Primeiro-Ministro Luís Montenegro, anunciou a recondução de Ana Margarida Pinheiro Povo como Secretária de Estado da Saúde. Esta decisão reflete uma aposta na continuidade das políticas de saúde implementadas no mandato anterior.

APH apresenta novo site com imagem renovada e navegação intuitiva

A Associação Portuguesa de Hemofilia e de outras Coagulopatias Congénitas (APH) lançou um novo website, com design moderno, navegação intuitiva e recursos atualizados, reforçando o apoio à comunidade e facilitando o acesso à informação essencial.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights