Há muita expectativa com a criação da ULS Alto Ave, diz presidente do CA

12 de Fevereiro 2024

A criação da Unidade Local de Saúde do Alto Ave (ULSAAVE) está a gerar “muita expectativa” nos utentes e nos profissionais de saúde, admite o presidente do Conselho de Administração, defendendo que a nova estrutura permite uma “verdadeira integração”.

Em entrevista à agência Lusa, Pedro Cunha, que assumiu o cargo no início do ano, fala da nova ULSAAVE, fruto da junção do Hospital Senhora da Oliveira (Guimarães) com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Alto Ave, abrangendo mais de meio milhão de utentes dos concelhos de Guimarães, de Fafe, de Cabeceiras de Basto, de Vizela, de Mondim de Basto e de Celorico de Basto, e utentes (indiretos) dos concelhos de Famalicão e de Felgueiras que o desejarem.

“[Há] as expectativas dos utentes que querem aceder melhor aos cuidados de saúde, querem ter uma estratégia bem orientada para poderem ter um fluxo mais suave, resolvendo as questões que são mais simples em proximidade e aquelas que são mais complexas, onde os recursos se devem concentrar”, explica o também médico de profissão.

Quanto aos cerca de três mil profissionais que fazem parte da ULSAAVE, criada no âmbito da reorganização do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o presidente do Conselho de Administração (CA) diz que se deixou de ter o hospital, por um lado, e os cuidados de saúde primários, por outro, acrescentando que agora existe uma “equipa” que se “pretende coesa”.

“Isso implica que todos vão ter de sair um bocadinho da sua zona de conforto. As pessoas que estão aqui [no hospital] não vão fazer só aquilo que faziam antes, as pessoas que estão nos cuidados de saúde primários não vão fazer só aquilo que faziam antes, porque agora é preciso encontrar pontos de ligação, que é uma tarefa acrescida para que os pacientes possam fluir mais facilmente entre uns cuidados e outros”, diz Pedro Cunha.

O presidente do CA da ULSAAVE ressalva, contudo, que a colaboração entre os cuidados primários (prestados nos centros de saúde) e os cuidados hospitalares “não se criou hoje nem por decreto”, defendendo que “não há um modelo único” de ULS, uma vez que cada região tem a sua realidade geográfica, populacional e diferentes equipamentos.

“O que temos agora é uma ferramenta [ULS] que coloca as pessoas todas dentro da mesma instituição e, portanto, deixa de haver um conjunto de barreiras que anteriormente poderiam existir, jurisdições, administrativas, que, neste momento, não existindo, tornam mais fácil a assunção de estratégias de cooperação, que dantes eram um pouco mais laboriosas de encontrar”, salienta o responsável.

Além das expectativas dos utentes e dos profissionais de saúde, Pedro Cunha afirma que há também a expectativa quanto ao funcionamento global do sistema de saúde que, no contexto da criação das novas ULS, “providencia um conjunto de cuidados” integrados.

A proximidade dos cidadãos aos cuidados de saúde é um dos aspetos mais importantes e, por isso, está a ser feito um levantamento dos equipamentos existentes na área de influência da ULSAAVE, para perceber como é que podem ser racionalizados, e “proporcionar às populações a oferta de serviços de saúde” o mais perto e rápido possíveis.

Pedro Cunha procura a otimização dos recursos humanos e uma melhor comunicação entre todas as instituições da ULSAAVE, para se evitar a duplicação de consultas, de meios complementares de diagnóstico, de deslocações, e de perdas de tempo pelos utentes.

“Diria que é deixar de se falar em articulação – que era o que nós falávamos antigamente, quando tentamos encontrar programas funcionais entre os cuidados de saúde primários e os cuidados de saúde hospitalares – e passar a falar numa verdadeira integração (…). Estamos a falar de mais proximidade, de melhor otimização de utilização de recursos e melhoramento das estratégias clínicas, para que haja uma verdadeira integração de cuidados e um acesso entre cuidados de saúde hospitalares e primários e vice-versa”, vinca o clínico.

O presidente do CA da ULSAAVE deu ainda conta de que 96% dos utentes da ULSAAVE têm médico de família, sendo que, dos 4% que não têm clínico atribuído, 3% estão referenciados numa Unidade de Saúde Familiar.

Quanto à necessidade de construção de um novo hospital, Pedro Cunha entende que este é momento para “rentabilizar o espaço e as estruturas existentes”.

LUSA/HN

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