A doente, com 65 anos, foi para a Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD), uma alternativa ao internamento convencional, que permite a prestação de cuidados em casa, com “uma celulite extensa do membro inferior para cumprir dias de antibiótico”, explicou Paula Morais.
No “hospital em casa”, a equipa de médicos e enfermeiros começou a perceber que a doente tinha uma insuficiência respiratória.
“Levámos a doente ao hospital, estivemos a analisar a sua situação e com o apoio da pneumologia a doente foi transferida para a hospitalização domiciliária como era a sua vontade”, acrescentou a enfermeira chefe.
Segundo Paula Morais, tratou-se de “um processo difícil ao início porque a doente não aceitava” usar uma máscara da Ventilação Não Invasiva (VNI). Todo este processo de nova adaptação foi sempre acompanhado com apoio médico e de enfermagem e com a colaboração da Nippon Gases (empresa da especialidade).
A doente começou por não se adaptar a ter que dormir todos os dias com a máscara, mas a equipa não desistiu.
“Foi a persistência que nós tivemos em arranjar estratégias para ela se sentir melhor” e demonstrar-lhe que “realmente aquilo não era o fim do mundo” que a ajudou a ultrapassar o problema, recordou à Lusa.
A equipa, com a colaboração da Nippon Gases, conseguiu apoio da telemedicina domiciliária, que permitiu vigiar à distância e 24 horas por dia os dados fisiológicos e sintomáticos da doente no conforto da sua casa, avaliando parâmetros como a saturação capilar continua, a frequência cardíaca, a tensão arterial ou os tempos de apneia.
“Conseguimos arranjar uma máscara nasal, e ensinar a doente a não se sentir tão sufocada”, capacitando também o cuidador que a doente podia fazer uma vida normal” e só utilizar a máscara durante a noite para respirar melhor, porque “ela parava mesmo de respirar” quando dormia.
A doente teve alta e foi encaminhada para uma consulta de pneumologia.
“Nesta doente foi um ganho porque não voltou a ser internada e sentiu-se segura ao estar a ser monitorizada em permanência”, salientou.
Criada em janeiro, a Unidade de Hospitalização Domiciliária recebeu o primeiro doente a 12 de fevereiro. Em seis meses, a equipa de enfermagem e a equipa médica já conseguiu tratar 66 doentes, percorrendo 7.072 quilómetros, efetuando várias visitas mesmo durante o estado de emergência devidos à Covid-19.
“Testámos os nossos doentes, todos deram negativo. Fizemos o ensino, capacitámo-los. Eu vi que os doentes também ganharam e sentiam-se seguros connosco”, sublinhou Paula Morais, que faz parte da equipa de cinco enfermeiros.
Para Paula Morais, “é um trabalho gratificante” e uma mais-valia para os doentes expressa nos questionários em que 99% afirmam estar muito satisfeitos com o acompanhamento feito pelas equipas.
“Sentem-se seguros” porque são acompanhados pela equipa de enfermagem e equipa médica todos os dias, de manhã e à tarde pela equipa de enfermagem, e se for preciso durante a noite.
“Estamos com o doente todas as vezes que forem necessárias”, disse, considerando que a unidade teve ganhos em saúde, na qualidade de vida do doente, com “zero reinternamentos”.
LUSA/HN
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