Farmacêutica japonesa não encontrou problema em suplemento associado a cinco mortes no Japão

29 de Março 2024

A farmacêutica japonesa fabricante do suplemento alimentar associado a cinco mortes e mais de 100 hospitalizações no Japão disse hoje desconhecer a causa exata dos problemas de saúde alegadamente provocados pelo consumo do produto, também vendido noutros países asiáticos.

A empresa Kobayashi Pharmaceutical anunciou hoje uma nova morte por doença renal numa pessoa que consumiu os comprimidos com levedura de arroz vermelho, vendidos como suplemento para baixar o colesterol, elevando para cinco o número total de mortes registadas até agora.

Os responsáveis da empresa, com sede em Osaka, no Oeste do Japão, fizeram hoje a sua primeira aparição pública desde que surgiram nos últimos dias relatos de mortes e hospitalizações por disfunção renal e outros problemas de saúde em pessoas que tomaram o suplemento dietético.

Outras 114 pessoas foram hospitalizadas no Japão depois de terem tomado o suplemento, enquanto várias centenas de outras procuraram assistência médica por possíveis problemas relacionados com a sua utilização.

A relação entre os produtos e os problemas de saúde foi estabelecida por profissionais médicos que, em janeiro e fevereiro deste ano, começaram a comunicar à Kobayashi Pharmaceutical casos de doentes que tinham tomado os suplementos.

A empresa começou então a testar se os produtos tinham sido contaminados por alguma substância nociva durante o processo de produção, mas até agora não conseguiu identificar qualquer agente estranho, disse hoje o presidente, Akihiro Kobayashi.

“A partir de agora, solicitamos a assistência total do Governo e do Ministério da Saúde para investigar as causas”, disse o diretor executivo da empresa, Atsushi Watanabe, que também admitiu que a empresa “deveria ter feito isso mais cedo”.

O ministro da Saúde japonês, Keizo Takemi, afirmou que foi criado um grupo de trabalho interministerial com o fabricante de medicamentos para clarificar a situação, após uma reunião do Conselho de Ministros ocorrida hoje.

Foi igualmente criado um centro de atendimento telefónico para os consumidores e as empresas que adquiriram os produtos.

As autoridades japonesas confirmaram a recolha de cerca de 4.350 embalagens de três produtos comercializados pela Kobayashi, menos de 1% das mais de um milhão vendidas desde o seu lançamento em 2021 até à data.

A própria empresa recolheu voluntariamente um total de 300.000 embalagens de produtos com levedura de arroz vermelho.

A farmacêutica distribuiu levedura vermelha de arroz a 52 outras empresas nacionais e estrangeiras, às quais solicitou que retirassem os seus produtos, e que podem ter revendido os produtos a outras 173 empresas.

O fabricante de medicamentos disse hoje que os produtos afetados estavam à venda também em Taiwan, através de uma empresa intermediária, e na China, através de plataformas de comércio eletrónico.

Watanabe disse que a empresa enviou funcionários a Taiwan para ajudar o seu distribuidor a recolher o produto e não pôde confirmar se as vendas online dos suplementos na China foram canceladas.

A levedura de arroz vermelho é um alimento que tem um ingrediente ativo potencialmente eficaz na redução dos níveis de colesterol (monacolina K), mas que também pode conter um tipo de toxina que causa insuficiência renal e que, segundo Kobayashi, não foi encontrada nos produtos recolhidos até agora

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Fundador da Joaquim Chaves Saúde morre aos 94 anos

O farmacêutico Joaquim Chaves, fundador da Joaquim Chaves Saúde, morreu hoje aos 94 anos, anunciou o grupo, afirmando que foi “referência incontornável na área da saúde” em Portugal.

Portugal registou 120 novos casos de VIH em 2023

Portugal registou 924 novos casos de infeção por VIH em 2023, mais 120 do que no ano anterior, com o diagnóstico a ocorrer maioritariamente em homens, indica o relatório “Infeção por VIH em Portugal 2024” divulgado hoje.

Sónia Dias: “Ciência da Implementação pode ser catalisador para adoção de políticas baseadas em evidências”

Numa entrevista exclusiva ao Healthnews, Sónia Dias, Diretora da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP NOVA), destaca a criação do Knowledge Center em Ciência da Implementação e o lançamento da Rede Portuguesa de Ciência da Implementação como iniciativas estratégicas para “encontrar soluções concretas, promover as melhores práticas e capacitar profissionais e organizações para lidarem com os desafios complexos da saúde”

MAIS LIDAS

Share This