“A doença periodontal é uma inflamação crónica nos tecidos que envolvem o dente e o aumento dos fatores de inflamação pode estar associado a um agravamento de diversas patologias”, disse à Lusa a presidente da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes (SPPI), Cristina Trigo Cabral.
A especialista disse ainda que, atualmente, há evidência científica de que pode haver um agravamento da diabetes, com o doente a “não conseguir controlar tão bem a sua glicose devido a esta inflamação”.
“Por outro lado, o desequilíbrio da diabetes também agrava a doença periodontal”, acrescentou, dando igualmente o exemplo dos estudos já existentes a propósito da associação da inflamação crónica das gengivas a doenças cardiovasculares, ao Alzheimer, ao baixo peso à nascença e ao parto prematuro.
No âmbito do Dia da Saúde Periodontal, que se assinala em 12 de maio, a SPPI vai promover hoje ações de rua, em Lisboa, Porto e Coimbra, onde médicos dentistas vão oferecer ‘kits’ de higiene oral à população, sensibilizando para a importância da doença das gengivas (periodontite), que afeta metade dos adultos.
A Federação Europeia de Periodontologia lançou igualmente uma campanha dirigida aos médicos de família para que estes “ajudem os médicos dentistas, alertando a população para a importância de ter uma saúde periodontal”.
Cristina Trigo Cabral sublinha a importância de se recorrer ao médico dentista regularmente – “e não só quando dói o dente” – para que este possa “remover o tártaro e a placa que está por baixo da gengiva e ao redor do dente”.
“Após esse tratamento, (…) o doente deve manter hábitos de higiene oral como a escovagem dos dentes, o uso de fio dental e de meios auxiliares de escovagem, como o escovilhão interdentário” para remover eficazmente a placa bacteriana, salientou.
A especialista reconhece que a maior parte da população não valoriza o facto de aparecer sangue no lavatório após a escovagem dos dentes, alertando: “Isso é sinal de doença, não é saúde”.
“Não se pode sangrar das gengivas, esse é um dos primeiros sinais de doença periodontal, antes de surgir o movimento dos doentes, o mau hálito, as gengivas edemaciadas e descarnadas”, explicou a presidente da SPPI, lamentando que, muitas vezes, a população só procure o médico “quando aparece sangue na almofada”.
A especialista sublinha ainda a necessidade de um melhor acesso aos médicos dentistas, sobretudo pela população idosa e menos favorecida.
Lembra que a medicina dentária “evoluiu de forma a que as pessoas mantenham os seus dentes naturais até mais tarde” e insiste na prevenção da doença, sublinhando: “a prevenção é o fator chave”.
LUSA/HN
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