Costa afirma que atividade cultural não pode parar mesmo em pandemia

5 de Outubro 2020

O primeiro-ministro afirmou hoje que a atividade cultural em Portugal "não pode parar", devendo prosseguir adaptada aos constrangimentos provocados pela pandemia de covid-19, e defendeu a criação de uma rede de municípios ao nível da arte contemporânea.

António Costa falava nos jardins de São Bento, na residência oficial do primeiro-ministro, após ter inaugurado a exposição de obras de arte contemporânea de artistas portugueses da Coleção Figueiredo Ribeiro, durante uma sessão que contou com a presença do presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, e da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, ex-autarca neste concelho do distrito de Santarém.

Estas obras, que se encontram a partir de hoje expostas na residência oficial do primeiro-ministro, estarão patentes por um ano no âmbito da iniciativa “Arte em São Bento” – uma seleção de obras de artistas contemporâneos portugueses, pertencentes a uma coleção privada de fora de Lisboa.

Mesmo no final da sua intervenção, o primeiro-ministro aproveitou para anunciar que, no 05 de outubro do próximo ano, esta exposição dará lugar a uma mostra da coleção “AA”, de Ana e António Albertino, tendo como curador Delfim Sardo.

Perante cerca de três dezenas de convidados, António Costa defendeu que a cultura “tem de continuar, não pode parar, apesar das circunstâncias” atuais de pandemia de covid-19.

“Não podemos fazer a inauguração com as portas abertas ao público, tivemos de fazê-la de forma mais contida, com grupos mais pequenos. Mas, como em tudo o resto na vida, não podemos parar, temos de continuar, embora adaptados a esta realidade que temos de enfrentar”, reforçou.

António Costa referiu depois que a iniciativa “Arte em São Bento”, que nasceu em 2017, procura passar a mensagem de que a residência oficial do primeiro-ministro “é uma casa que pertence aos portugueses”.

“Quisemos assinalar assim o Dia da República, o 05 de Outubro, representando o Portugal de hoje. E o Portugal de hoje é o país que, em grande medida, os artistas desenham e expressam na cultura contemporânea do nosso país”, defendeu no final de uma cerimónia em que não respondeu a questões dos jornalistas sobre temas de atualidade nacional.

No seu discurso, o primeiro-ministro falou principalmente sobre os objetivos inerentes à iniciativa “Arte em São Bento”, dizendo que uma das ideias centrais é procurar coleções privadas fora de Lisboa.

“Por um lado, queremos transmitir uma mensagem de apreço pelo esforço que os colecionadores vão fazendo, o seu compromisso com a arte, porque a arte precisa também de quem invista e de quem a valorize. Por outro lado, procuramos fora de Lisboa, porque há muito mais país para além de Lisboa e há muitas coleções cuja existência é desconhecida para muitas pessoas”, justificou.

Neste contexto, o primeiro-ministro elogiou o investimento que tem sido realizado por muitas autarquias “na aposta no trabalho cultural”.

“O Governo tem aliás apelo a que os municípios possam constituir uma verdadeira rede de centros de arte contemporânea. É fundamental estabelecer-se essa rede”, disse.

Este ano, a iniciativa “Arte em São Bento” apresenta uma seleção de obras de 40 artistas provenientes da Coleção Figueiredo Ribeiro, com curadoria de Ana Anacleto e João Silvério, cobrindo um período de 50 anos da produção artística portuguesa contemporânea.

Fernanda Fragateiro, André Cepeda, António Olaio, Nuno Cera, Adriana Molder, Ana Jotta, Bruno Cidra, Carlos Bunga, Diogo Evangelista, Edgar Martins, Fernando Calhau, Francisca Carvalho, João Pedro Vale, João Tabarra, Patrícia Garrido, Jorge Pinheiro, Miguel Palma, Pedro Barateiro, Rui Chafes e Sara Bichão são alguns dos artistas representados nesta exposição.

A Coleção Figueiredo Ribeiro está em depósito no município de Abrantes, estando na base da criação do Quartel da Arte Contemporânea, em 2016, para fruição pública. Esta coleção, que um acervo de 1400 peças, encontra-se desde 2016 em depósito no município de Abrantes, e seu acesso deixou de ser privado para se tornar de fruição pública, no Quartel da Arte Contemporânea.

“O colecionador [Fernando Figueiredo Ribeiro] deu atenção a artistas com menos representação no circuito artístico, e foi interessante pegar nesse fator característico da coleção”, afirmou o comissário José Silvério, um dos curadores desta edição da “Arte em São Bento”.

O evento inclui a abertura das novas salas remodeladas, no âmbito da iniciativa paralela “Design em São Bento”, inaugurada em janeiro de 2020, com curadoria da diretora do Museu do Design e da Moda, Bárbara Coutinho, e que reúne 110 peças de mobiliário e artes decorativas provenientes de museus, empresas e coleções privadas de todo o país.

A iniciativa “Arte em São Bento” foi criada em 2017 pelo gabinete do primeiro-ministro, com o objetivo de “afirmar a vitalidade da produção artística nacional e o seu contributo para projetar a imagem de um país inovador e contemporâneo”.

Nas edições anteriores, acolheu a Coleção de Serralves (2017), a Coleção António Cachola/Museu de Arte Contemporânea de Elvas (2018) e a Coleção Norlinda e José Lima (2019), de São João da Madeira.

LUSA/HN

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