“Em Portugal, desde março que os doentes com Covid-19 têm acesso ao medicamento Veklury [nome comercial do remdesivir]. À data já foram tratados mais de 300 doentes, um número que tem vindo a aumentar de acordo com a evolução da pandemia no nosso país”, afirmou o diretor-geral da Gilead Sciences em Portugal, Vitor Papão, em declarações à agência Lusa.
Falando à Lusa no dia em que a farmacêutica assinou um acordo de aquisição conjunta com a Comissão Europeia para fornecimento de 500 mil ciclos de tratamento do antiviral a doentes de vários países europeus, o responsável assegurou que “o Infarmed e a Gilead vão continuar a trabalhar no sentido de gerir de forma eficaz a disponibilidade do medicamento Veklury, garantindo assim uma adequada resposta às necessidades dos doentes”.
“Até ao momento, os doentes tratados com Veklury não representaram quaisquer encargos para o serviço nacional de saúde, uma vez que o medicamento foi doado pela Gilead até junho, tendo a partir dessa data sido disponibilizado medicamento adquirido pela Comissão Europeia ao abrigo do instrumento de apoio de emergência”, apontou Vitor Papão.
O remdesivir foi o primeiro medicamento autorizado na União Europeia (UE) para tratar a covid-19.
Hoje, o executivo comunitário assinou um acordo de aquisição conjunta com a Gilead em nome de todos os países da UE, do Espaço Económico Europeu, do Reino Unido e ainda dos seis países candidatos e potenciais candidatos (Albânia, Macedónia do Norte, Montenegro, Sérvia, Kosovo e Bósnia e Herzegovina).
Isto significa que todos os países participantes podem agora fazer as suas encomendas para adquirir diretamente remdesivir.
O antiviral remdesivir é até ao momento o único medicamento com autorização condicional de comercialização na UE para o tratamento de pacientes covid-19 que necessitam de fornecimento de oxigénio.
O novo contrato com a farmacêutica surge após um anterior efetuado no verão para assegurar perto de 33 mil doses de remdesivir, que têm sido distribuídos em toda a UE e no Reino Unido desde agosto.
O objetivo é que, com os novos ciclos de tratamento adquiridos, se consiga cobrir as necessidades imediatas, visando assim assegurar que os pacientes graves são tratados.
Para isso, “a Gilead começará a implementar o acordo de aquisição conjunta na semana de 12 de outubro”, isto é, na próxima, adiantou Vitor Papão à Lusa.
“Antecipamos que a disponibilidade de remdesivir possa responder à procura em tempo real nos países europeus”, concluiu o responsável.
Sediada nos Estados Unidos, a Gilead tem operações em mais de 35 países em todo o mundo.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e cinquenta e sete mil mortos e mais de 36,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo.
Em Portugal, morreram 2.050 pessoas dos 82.534 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
LUSA/HN
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