O projeto ‘WeARTolerance’, coordenado por Ana Beato, da Universidade Lusófona, demonstrou eficácia em todas as variáveis trabalhadas, com a redução do estigma mantendo-se mesmo seis meses após o fim do programa.
A equipa de investigadores, composta por psicólogos e professores de várias artes, aguarda a publicação dos primeiros resultados na revista científica Plus One. O programa, que decorreu entre dezembro de 2023 e abril de 2025, destinou-se a adolescentes entre os 14 e os 24 anos, uma faixa etária em que os problemas e o estigma associado à saúde mental começam a ser sinalizados.
Em vez de ser desenvolvido em meio escolar, o programa proporcionou uma “experiência intensa e imersiva de curto prazo” em diferentes áreas artísticas, como artes visuais, cinema, música, canto, dança e teatro. Segundo Ana Beato, psicóloga clínica, as artes são um veículo eficaz para trabalhar estas temáticas com os jovens, que estão geralmente despertos para a música e as artes em geral.
O programa juntou 125 jovens com e sem problemas de saúde mental durante quatro dias na Universidade Lusófona, onde participaram em ateliês artísticos e sessões psicoeducativas. A avaliação dos efeitos do programa foi realizada através de questionários aplicados uma semana antes, uma semana depois e seis meses após a intervenção.
Os resultados mostraram um aumento dos conhecimentos sobre saúde mental, diminuição da distância social, da ansiedade intergrupal e do estigma social, bem como melhorias nas competências pessoais e sociais na comunicação e identificação de emoções. Os participantes também demonstraram uma maior sensibilidade para o papel da coesão social e do apoio comunitário no combate ao estigma.
Vários espetáculos resultantes das oficinas realizadas no âmbito do programa, financiado pela Fundação La Caixa, são apresentados hoje em Óbidos. Além da publicação científica dos resultados, os investigadores pretendem elaborar um manual para ser usado pela comunidade.
Estima-se que em 2019 os problemas de saúde mental afetavam mais de 2,25 milhões de pessoas em Portugal, correspondendo a 22% da população, um número superior aos 16,7% registados na União Europeia. Intervenções como a do projeto ‘WeARTolerance’, que combinam a psicoeducação com atividades artísticas, podem contribuir para melhorar as atitudes em relação à saúde mental e reduzir o estigma nos jovens, com um impacto positivo nas gerações futuras.
NR/HN/Lusa
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